O think tank Efsas (Fundação Europeia para Estudos do Sul da Ásia, em inglês) cobrou a responsabilização do Paquistão no Conselho de Segurança das Nações Unidas, nesta quarta (10), por promoção do que define como “terrorismo estratégico”.
Em vídeo lançado na 46ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, na suíça Genebra, o analista Aaron Magunna cita as prisões de dois homens designados pela ONU como terroristas, Hafiz Saeed e Zakiur Rehman Lakhvi, como “detenções falsas”.
Segundo ele, os extremistas só foram detidos após dois anos de pressão diplomática do watchdog GAFI (Grupo de Ação Financeira Internacional), em 2019 e 2020. Não houve vontade genuína de combater o terrorismo, afirmou.
“Essas prisões falsas exemplificam a abordagem ambígua do Paquistão”, disse Magunna. “O patrocínio ao terrorismo é estrategicamente útil e seu combate só ocorre quando existem alvos de interesse do Paquistão”.
Conforme o analista, esse movimento fica mais evidente quando à luz dos acontecimentos no Afeganistão. “O Paquistão terá que se adaptar a um governo parcialmente liderado pelo Taleban“, afirmou, em referência às tratativas de paz entre Cabul e líderes talibãs.
O consenso em torno de um cessar-fogo afegão diminuiria as chances de diminuir a violência na região, já que passam por uma solução que envolve o Taleban – historicamente pouco afeito a cumprir acordos com o Ocidente.
O acordo entre os EUA e o grupo transformou o Paquistão em um “porto ainda mais seguro” para organizações terroristas, disse Magunna.
“A situação atual resulta da infraestrutura bem azeitada para o terrorismo, criada ao longo de décadas pelo Exército do Paquistão e suas agências de inteligência”, afirmou o analista. “Há uma consistente distinção de Islamabad de ‘bons’ e ‘maus’ terroristas”.
Sanção
O think tank cobra que as Nações Unidas responsabilizem o Paquistão pelo não cumprimento de suas obrigações legais e morais “com o próprio povo e com a comunidade internacional”.
Em fevereiro, a GAFI definiu que Islamabad permanecerá na “zona cinza” da lista de patrocinadores do terrorismo. O país não alcançou todas as exigências do plano de ação estabelecido após seu rebaixamento, em 2018.
O watchdog pressiona o país a cumprir uma lista de 27 exigências, que envolvem combate à lavagem de dinheiro e financiamento a grupos extremistas. Desde então, Islamabad fez progressos significativos, mas ainda considerados insuficientes.
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