Centenas de libaneses bloquearam nesta segunda (8) as três principais estradas de acesso ao sul do país para pedir por medidas contra a crise econômica e política.
“Haverá uma escalada”, disse um cidadão na rodovia de Jal al-Dib, na região litorânea próxima a Beirute à Reuters. “O governo não está fazendo nada”.
A crise se acentuou após a explosão do porto de Beirute, no último 4 de agosto. Estima-se que 75% da população termine 2020 na pobreza após uma contração de até 20% no PIB (Produto Interno Bruto). A libra libanesa, moeda local, já perdeu 85% de seu valor desde 2019.
Só em 2020, o Líbano teve três primeiros-ministros diferentes. O último, Saad Hariri, é rival político do presidente Michel Aoun, o que impede a formação de um novo governo para desbloquear a ajuda internacional.
Em um comunicado, o governo ordenou que as autoridades de segurança repreendam qualquer cidadão que violar as leis monetárias e de crédito do país, incluindo as agências de câmbio. A medida vem na esteira da nova baixa da libra libanesa, no dia 1º.
Protestos se espalham
Outro grupo fechou uma estrada em frente ao Banco Central, em Beirute. Na Praça dos Mártires, no centro da idade, houve registros de tiros. Não há feridos e nem se sabe quem foi o autor dos disparos.
Em Tiro, no sul do país, um homem tentou atear fogo em si mesmo com gasolina. Forças de segurança interromperam o ato. Já em Trípoli, ao norte, manifestantes construíram uma parede de tijolos para impedir a passagem dos carros.
Em meio à tensão, o general Joseph Aoun afirmou que os militares também estão “passando fome” e sofrendo “dificuldades econômicas”. Segundo ele, antes da queda da moeda, um soldado alistado ganhava cerca de US$ 700 por mês. Hoje, o valor não chega a US$ 100.
‘Atos de sabotagem’, diz presidente
Aoun criticou os bloqueios em protesto pela crise generalizada do país nesta segunda-feira (8), o sétimo dia consecutivo das manifestações. “São atos organizados de sabotagem que visam minar a estabilidade”, afirmou o mandatário segundo a Associated Press.
Para Aoun, o Exército deve cumprir suas funções “e impor a lei sem hesitação”, o que gerou alerta por uma escalada da repressão contra os manifestantes. Até o final do dia, porém, muitas vias seguiam bloqueadas.
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