As ameaças e sanções do primeiro-ministro da Eslovênia, Janez Jansa, têm alimentado o ódio de seus apoiadores contra os jornalistas do país. Profissionais relataram ameaças e ataques via telefone, cartas, e-mails e redes sociais ao portal norte-americano Politico.
Jansa, que assume a presidência rotativa do Conselho da UE (União Europeia) no final deste ano, já se referiu à STA (Agência de Imprensa Eslovena) como uma “desgraça nacional”.
Admirador de Donald Trump, o líder populista de direita acusa emissoras de “espalhar mentiras e enganar o público”. Em fevereiro, Jansa classificou a emissora RTV de “disseminadores irresponsáveis de vírus”.
A campanha ultrapassou a retórica no ano passado, quando seu governo propôs mudanças nas leis de mídia do país – em uma tentativa de aumentar a influência do Estado sobre a STA. À época, emissoras estatais tiveram seu financiamento suspenso.
A consequência dos ataques é a autocensura dos jornalistas do país. Muitos profissionais relataram que evitam “tocar em certos assuntos” e já não podem “trabalhar normalmente” por medo de represálias.
“O clima é estressante e brutal”, disse um repórter não identificado. Alguns jornalistas chegaram a levar o caso à polícia após uma onda de ameaças. A Comissão Europeia diz que não pode impor sanções ao país.
Um profissional buscou o órgão para denunciar uma tentativa de deslegitimação por Jansa por preconceito. “Não iniciaremos um processo de infração contra um tuíte”, disse o porta-voz da comissão, Eric Mamer, ao portal EU Observer.
Em 2020, a Eslovênia subiu de 34º para 32º lugar no ranking de liberdade de imprensa da organização Repórteres sem Fronteiras. Apesar disso, a entidade alerta para o aumento das campanhas de difamação e ameaças a jornalistas no país. O índice reúne 180 países.
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