Desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, até o último domingo (2), ao menos 501 crianças morreram em função do conflito e outras 991 ficaram feridas. Os dados foram divulgados na segunda-feira (3) pela ONG Save The Children, segundo a qual, devido à subnotificação, os números reais tendem a ser muito maiores que esse levantamento oficial.
“Armas explosivas com efeito de área ampla são a causa predominante de mortes de crianças na Ucrânia”, diz a entidade. “No primeiro ano de guerra em grande escala, 404 crianças foram mortas por bombardeios, mísseis e ataques de drones, e outras 850 ficaram feridas. A maioria das baixas ocorreu nas regiões de Kharkiv e Donetsk, onde o combate ativo é contínuo desde fevereiro passado”.
De acordo com a ONG, ainda existem muitas crianças presas no território ucraniano em meio ao conflito, abrigando-se em porões de prédios residenciais que continuam sob forte ataque nas tropas da Rússia. Em média, os menores passaram mais de 900 horas em abrigos subterrâneos, período que equivale a 38,3 dias.
A entidade classifica os dados como “mais um marco trágico alcançado nesta guerra”. E os números não tendem a estacionar, vez que “meninas e meninos inocentes ainda são feridos e mortos todos os dias na Ucrânia, onde a violência, incluindo o uso de armas explosivas em áreas urbanas, surge no horizonte”.
A guerra em larga escala já se mostra muito mais mortífera para as crianças que o conflito instalado no leste ucraniano desde 2014, quando Moscou anexou a Crimeia e passou a apoiar os separatistas nas regiões de Donetsk e Luhansk. A Save The Childreen afirma que, nos 13 meses desde a invasão de 2022, houve três vezes mais mortes de menores que nos oito anos de batalhas em Donbass.
“As crianças na Ucrânia também experimentaram imenso sofrimento psicológico por causa da violência e instabilidade”, afirma o relatório. “Muitas foram separadas de seus pais, ou viram seus entes queridos mortos ou feridos. O mundo deve agir agora e fazer o que for preciso para proteger os seres humanos mais vulneráveis”.
Na última sexta-feira (31), o Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) já havia afirmado que o número de civis mortos na guerra tende a ser muito maior que os dados colhidos oficialmente até agora, que apontam mais de 8,4 mil mortos e acima de 14 mil feridos.
Crise humanitária
A Save The Children reportou que as crianças ucranianas também sofrem com a crise humanitária em meio ao conflito. Duas em cada cinco famílias estão em “extrema necessidade”, diz a ONG, destacando que a ucrânia enfrenta “taxas sem precedentes de deslocamento, inflação e desemprego”.
Mais de 40% das famílias no país relataram que lutam atualmente para atender às necessidades diárias de alimentos, água e suprimentos básicos. Esse número sobe para 60% no leste e no sul, áreas afetadas por intensos combates.
Há ainda o casos dos ucranianos deslocados internamente pela guerra, que já somam cerca de 5,3 milhões de pessoas. Devido à dificuldade de sobreviverem longe de casa, muitos se veem forçados a voltar a suas cidades natais devastadas na tentativa de obter um emprego.
Manfred Profazi, diretor regional da Organização Internacional para as Migrações (OIM), visitou a Ucrânia e relatou que muitas pessoas foram deslocadas várias vezes. Alguns viajaram para o exterior, voltaram, se estabeleceram e partiram novamente conforme a linha de frente muda.
“As condições de vida são muito difíceis para os habitantes locais e também para os deslocados internos”, declarou Profazi em entrevista ao canal informativo da ONU (Organização das Nações Unidas). Entre os dramas, ele cita a falta de energia causada por bombardeios, que deixa os cidadãos, inclusive jovens, sob o risco de congelamento.
Sonia Khush, diretora nacional da Save the Children na Ucrânia, reforça que “a escala de necessidades das famílias na Ucrânia é enorme e continua crescendo à medida que a guerra mergulha cada vez mais crianças e familiares na pobreza todos os dias”.
Ela destaca a perda das fontes de renda familiares, conforme os salários em todo o país vão cessando e muitas empresas continuam fechadas. “Este é um golpe devastador para as famílias deslocadas que já haviam perdido quase tudo nesta guerra e agora lutam para viver mais um dia”, disse ela.
Ajude a combater a fome entre as crianças
O Unicef, órgão da ONU que fornece apoio humanitário a milhões de crianças em todo o mundo, tem um programa de doações aberto a todos que quiserem ajudar. Através ele, é possível oferecer uma quantia mensal que parte de R$ 30, dinheiro esse convertido em alimento para menores de países de todo o mundo. Se quiser ajudar, clique aqui. Já a Save The Children aceita doações neste link.
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