O governo da Rússia não autorizou o jornalista norte-americano Evan Gershkovich, detido na país desde o final do mês passado por suspeita de espionagem, de entrar em contato com o corpo diplomático dos EUA. O veto, admitido abertamente por Moscou, é justificado como uma medida de reciprocidade, de acordo com a rede Voice of America (VOA).
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, a decisão foi tomada porque Washington negou recentemente vistos a jornalistas russos que viajariam com o ministro Sergey Lavrov para a sede da ONU (Organização das Nações Unidas), aproveitando o fato de que a Rússia ocupa atualmente a presidência rotativa do Conselho de Segurança.
“A embaixada dos EUA foi informada de que seu pedido de visita consular em 11 de maio ao cidadão americano Gershkovich, que foi detido sob a acusação de espionagem, foi rejeitado”, disse o texto, alertando ainda que “outras potenciais medidas de retaliação estão sendo elaboradas”.
Gershkovich, de 31 anos, foi preso em março na cidade russa de Ecaterimburgo sob a acusação de “espionagem no interesse do governo americano”, segundo o FSB (Serviço Federal de Segurança) russo. Ele passou seis anos cobrindo a Rússia para Wall Street Journal (WSJ), a Agence France-Presse (AFP) e a edição em inglês do jornal independente The Moscow Times.
A prisão do profissional piorou ainda mais as relações entre Washington e Moscou, já terrivelmente abaladas desde a agressão russa à Ucrânia. O presidente Joe Biden pediu a libertação do jornalista e afirmou que ele está “detido injustamente”, o que significa que a Casa Branca o vê como preso político mantido sob acusações forjadas. Se condenado, Gershkovich pode pegar até 20 anos de prisão.
Lynne Tracy, embaixador dos EUA na Rússia, chegou a visitar o jornalista e presenciou uma audiência dele em uma corte russa. Porém, novos contatos foram vetados posteriormente, conforme o processo judicial contra ele se desenrola.
Em sua conta de Twitter, a embaixada norte-americana em Moscou reforçou a alegação de que o jornalista é um preso político. O perfil reproduziu um vídeo com uma declaração de Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA na ONU, no qual ela direciona as acusações a Lavrov.
“A Rússia prendeu Paul Whelan, e agora eles estão segurando Evan Gershkovich para usar como moeda de troca… Usar pessoas como peões é uma estratégia que vem da fraqueza. Enquanto a Rússia está jogando jogos políticos, pessoas reais estão sofrendo”, diz Thomas-Greenfield em seu pronunciamento.
@USAmbUN: Россия заключила в тюрьму Пола Уилана, а теперь удерживает Эвана Гершковича, чтобы использовать как разменные монеты… Использовать людей как пешки – это стратегия, идущая от слабости. Пока Россия играет в политические игры, реальные люди страдают. pic.twitter.com/eqQEgr6qx3
— Посольство США в РФ/ U.S. Embassy Russia (@USEmbRu) April 25, 2023
Na quinta-feira (27), os três maiores jornais norte-americanos, New York Times, Washington Post e Wall Street Journal, assinaram uma carta conjunta pela libertação de Gershkovich. O documento, assinado pelos principais editores e executivos dos três veículos de imprensa, diz que eles estão “unidos para exigir a libertação de Evan e não vamos descansar até que ele seja trazido de volta para casa em segurança”.
"We stand united in demanding Evan’s release and we won’t rest until he is safely brought back home."
— WSJ Communications (@WSJPR) April 27, 2023
The publishers and top editors of @WSJ, @NYTimes and @WashingtonPost released a joint letter on Evan Gershkovich in today's edition of their respective papers. #IStandWithEvan pic.twitter.com/tduVvNWajm
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