A violência de gangues e grupos armados no Haiti está ocorrendo em níveis alarmantes em áreas antes consideradas seguras na capital, Porto Príncipe. A situação, sem precedentes, está se deteriorando, e a polícia do país não tem como controlar a criminalidade. O alerta foi feito pela nova representante do secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) no Haiti, María Isabel Salvador, durante uma reunião com o Conselho de Segurança na quarta-feira (26).
Ela afirmou que o tempo é fundamental para que os haitianos possam enfrentar o círculo vicioso da violência e da crise política, econômica e social. “Nesse momento, o país precisa da atenção urgente do Conselho e da comunidade internacional”, afirmou a representante.
Além da violência, quase metade da população, ou 5,2 milhões de pessoas, precisa de ajuda humanitária para sobreviver em meio a uma epidemia de cólera que já levou a quase 40 mil casos suspeitos desde outubro.
Segundo Salvador, se nada for feito, a crise pode se espalhar para outras áreas da região. Após iniciar no posto neste mês, ela passou a primeira semana em encontros com representantes da sociedade civil, especialmente mulheres, autoridades e altos funcionários do governo.
A funcionária da ONU diz acreditar que existe um caminho para o diálogo e para a restauração das instituições democráticas. Mas o consenso é de que será difícil avançar sem enfrentar primeiro a insegurança.
Ao circular pelas ruas do país, ela disse ter sentido a tensão e compreendido o medo que os haitianos sentem todos os dias. Em áreas dominadas pelos bandidos, existem casos de mulheres e meninas sendo violentadas sexualmente.
Somente no primeiro trimestre do ano, ocorreram 1.647 crimes, incluindo homicídios, estupros, sequestros e linchamentos. Este número é mais que o dobro dos crimes registrados no mesmo período do ano passado.
A representante especial da ONU disse que a polícia haitiana não está equipada para enfrentar a criminalidade, e muitos haitianos fazem justiça com as próprias mãos. Nesta semana, 13 suspeitos de fazerem parte de gangues criminosas foram espancados e queimados até a morte por moradores no Haiti.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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