Um relatório da UK-China Transparency (UKCT), organização que produz pesquisas sobre os laços entre Londres e Beijing, alega que a equipe chinesa dos Institutos Confúcio em todo o Reino Unido é recrutada para impor a cartilha do Partido Comunista Chinês (PCC) no país. Com base em documentos analisados, o estudo apontou que as universidades britânicas estão operando os institutos em desacordo com as leis britânicas e permitindo a repressão transnacional. As informações são da rede Radio Free Asia.
Intitulado ‘Os Institutos Confúcio são legais?’, o documento traz uma análise do processo de recrutamento de funcionários chineses enviados para trabalhar no Reino Unido. Segundo o UKCT, a maior parte dos professores de idiomas vêm da China, e “estão sendo recrutados com base em sua capacidade de impor a ‘disciplina do PCC’ no Reino Unido”, bem como “são obrigados a minar a liberdade de expressão e a conduzir o assédio sob comando”.
Há uma série de exigências do governo chinês feitas aos postulantes ao cargo de professor nos institutos. Entre elas, o candidato deve detalhar a orientação política, especificar etnia, cumprir as leis da China enquanto estiver no exterior e se comprometer a não ter filhos no período em que estiver fora. Além disso, ele é submetido a uma avaliação de “atitude política”, feita por um comitê do PCC.
“Essas práticas são ilegais sob a lei do Reino Unido”, disse o relatório.
Tais diretrizes, que exigem que os funcionários apliquem os valores do PCC, sustentam as alegações do UKCT de que as universidades violam as responsabilidades legais de proteger seus alunos contra assédio.
“Existe um risco sistemático de funcionários do Instituto Confúcio se envolverem em repressão transnacional, sujeitando indivíduos vulneráveis no Reino Unido a assédio ou intimidação e minando a liberdade de expressão no campus”, disse o relatório do UKCT.
Crítico de Beijing, a quem considera “a maior ameaça de longo prazo à economia da Grã-Bretanha e do mundo e à segurança nacional”, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, prometeu fechar os Institutos Confúcio no país durante sua primeira tentativa de ser líder do Partido Conservador, mas até agora não conseguiu.
Simon Cheng, ativista pró-democracia de Hong Kong e fundador dos Hongkongers in Britain, uma organização fundada em julho de 2020 para ajudar os recém-chegados da ex-colônia britânica a se estabelecerem, disse à reportagem que Sunak deve agir para proteger os britânicos da influência chinesa.
“Se os Institutos Confúcio estão sendo considerados como propondo a agenda política e a propaganda de muitas maneiras sutis, o primeiro-ministro deve cumprir as promessas de que todos os Institutos Confúcio devem ser fechados”, disse ele.
Desconfiança
Os Institutos Confúcio são financiados e administrados pelo governo chinês. Eles deveriam ser centros culturais e de idiomas em nações estrangeiras para incluir e divulgar o estudo e a apreciação da cultura, artes e herança chinesas. No Reino Unido, eles são baseados em universidades na forma de parcerias entre as universidades locais com contrapartes chinesas e o Centro de Cooperação e Intercâmbio de Idiomas (CLEC, da sigla em inglês), uma agência do governo central chinês.
Existem 30 filiais do Instituto Confúcio, que ensina a língua e a cultura chinesas, ligadas a universidades em todo o Reino Unido. Os críticos, no entanto, frequentemente afirmam que esses centros agem como ferramentas de propaganda em meio à deterioração das relações entre a China e o Ocidente.
Corte de verbas
O financiamento do governo do Reino Unido para o ensino de mandarim em filiais do Instituto Confúcio, ligado ao Estado chinês, será cortado, mas eles não serão fechados, disse reportagem do jornal The Guardian no começo desta semana.
Em 2020, o Departamento de Estado dos EUA designou os Institutos Confúcio como missão estrangeira do Estado chinês e os chamou de “aparato de propaganda e influência global do Partido Comunista Chinês”.
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