A China reafirmou nesta sexta-feira (14) que não entregará armas a nenhuma das partes envolvidas na guerra da Ucrânia, desencadeada pela invasão das tropas da Rússia no dia 24 de fevereiro de 2022. A promessa foi feita pelo ministro das Relações Exteriores chinês Qin Gang, segundo a agência Associated Press (AP).
“Em relação à exportação de itens militares, a China adota uma atitude prudente e responsável”, disse Qin em uma coletiva de imprensa em meio à visita da homóloga alemã Annalena Baerbock. “A China não fornecerá armas às partes relevantes do conflito e administrará e controlará as exportações de itens de uso duplo de acordo com as leis e regulamentos”.
As palavras do ministro contrariam o temor Ocidental de que Beijing estaria se preparando para armar as tropas do presidente Vladimir Putin no conflito.
Em fevereiro, o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, admitiu que a aliança não havia tomado conhecimento de “nenhum fornecimento de ajuda letal da China para a Rússia”. Porém, complementou dizendo haver “sinais de que eles estão considerando e podem estar planejando isso“.
Naquele mesmo período, o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken chegou a abordar o tema em conversa com Wang Yi, principal diplomata chinês e ex-ministro das relações Exteriores de Beijing, antecessor de Qin no cargo.
Blinken e Wang se encontraram durante uma conferência de segurança em Munique, em fevereiro, e o representante dos EUA afirmou que o fornecimento de armas à Rússia por parte do governo chinês “teria sérias consequências” no já comprometido relacionamento entre Washington e Beijing.
Além de negar a intenção de armar Moscou, Qin disse agora que o objetivo do governo chinês é buscar uma solução pacífica para o conflito. Baerbock, por sua vez, seguiu caminho diverso. Apesar do tom amistoso do encontro entre ela e o ministro chinês, a alemã manifestou insatisfação com o posicionamento da China no conflito europeu.
“Mas tenho que me perguntar por que o posicionamento chinês até agora não inclui um apelo ao agressor, a Rússia, para parar a guerra”, disse ela. “Todos nós sabemos que o presidente Putin teria a oportunidade de fazê-lo a qualquer momento, e as pessoas na Ucrânia gostariam de poder finalmente viver em paz novamente”.
Armas chinesas na Rússia
Apesar da afirmação de Qin, há indícios de que empresas chinesas ajudaram a equipar as forças armadas russas, embora não seja possível responsabilizar diretamente o governo.
No começo de fevereiro, reportagem do Wall Street Journal (WSJ) revelou que foram enviados, a partir de Beijing, itens proibidos destinados a empresas de defesa do Kremlin embargadas pelos EUA. Na lista estariam equipamentos de navegação, tecnologia de interferência e peças de caças.
Mais tarde, em março, o site Politico revelou ter analisado uma série de documentos comerciais e alfandegários apontando que entidades russas receberam rifles de assalto, coletes à prova de bala e peças de drones de empresas chinesas no ano passado, já com a guerra em andamento.
Os documentos em questão, cedidos pelo ImportGenius, um agregador de dados alfandegários, mostram que o armamento de uso militar foi entregue como sendo “rifles de caça” usados por civis. Eles partiram da China North Industries Group Corporation Limited, uma empresa de defesa terceirizada que serve ao governo chinês, e foram recebidos pela russa Tekhkrim em junho de 2022.
As armas listadas nos documentos são rifles de assalta CQ-A, cujo projeto é baseado no norte-americano M16. Tais armamentos são usados por forças de segurança paramilitares chinesas e pelas forças armadas do Sudão do Sul e das Filipinas.
Os dois casos não deixam claro que Beijing tem fornecido armamento em grande escala a ser utilizado pelas forças armadas da Rússia na guerra. Mas os itens são considerados de uso duplo, com funções inclusive militares, e estão inseridos nas sanções ocidentais impostas à Rússia em função da guerra.
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