“As ondas de calor estão se tornando mais frequentes sob as mudanças climáticas e podem levar a milhares de mortes”. A afirmação consta de um estudo realizado por cientistas da Universidade de Bristol, na Inglaterra, cujo resultado foi divulgado nesta semana. Com base na análise, o material destaca os países mais sujeitos às elevadas temperaturas e alerta os governos de que é possível reduzir os efeitos.
Para entender melhor o futuro impacto das altas temperaturas, a equipe analisou dados de um período de mais de 60 anos, desde 1959 a 2021. E constatou que em 31% das regiões examinadas o “recorde diário de temperatura máxima observado é excepcional”. A partir daí, listou as regiões do planeta nas quais a probabilidade de ondas de calor sem precedentes é mais provável.
“O objetivo do estudo é identificar quais regiões do mundo talvez tenham tido a sorte de não ter experimentado temperaturas extremas mais altas até agora”, dizem os cientistas. “Argumentamos que essas regiões podem ser particularmente vulneráveis aos impactos de uma onda de calor recorde porque não houve necessidade de adaptação até agora”.
Países mais ameaçados
O Afeganistão é a “região de maior preocupação”. Pesam fatores como o crescimento populacional elevado, o acesso limitado a cuidados de saúde e até mesmo o suprimento de energia reduzido, o que impede a população local de usar mecanismos de combate ao calor.
A América Central também é citada, com destaque para Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Embora esta região não tenha a projeção de um aumento populacional elevado, o recorde atual de calor está muito abaixo do máximo estatístico projetado. Ou seja, tende a experimentar um grande salto de temperatura, pegando os países desprevenidos.
Regiões desenvolvidas estão igualmente sujeitas a sofrer com as ondas de calor. Nesse sentido, o estudo cita países europeus, como Alemanha, Holanda e Bélgica, e as províncias de Beijing, Hebei e Tianjin, na China. No caso chinês, o estudo diz se tratar da maior população entre todas as regiões estudadas, o que eleva o risco estatisticamente. Até a região de Khabarovsk, no extremo leste da quase sempre gelada Rússia, é citada.
Como exemplo do que as ondas de calor podem causar, o relatório fruto do estudo cita a província da Colúmbia Britânica, no Canadá, que registrou 49,6º C em 29 de junho de 2022. Na ocasião, o país relatou 500 mortes relacionadas ao calor em menos de uma semana, 195% a mais que a média do período. Um problema identificado por lá foi a falta de sistemas de refrigeração nas residências, mais preparadas para lidar com o frio que com o calor.
Precauções
Segundo os cientistas, o episódio do Canadá seria “virtualmente impossível sem a mudança climática”. Isso mostra a importância de combater o aquecimento global e tentar atingir a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura do planeta em 1,5º C.
Nas condições atuais, o estudo alerta que casos como o da Colúmbia Britânica tendem a se repetir. “Os formuladores de políticas e os governos precisam se preparar para eventos além dos registros atuais, particularmente com tendências causadas por mudanças climáticas antropogênicas que aumentam a probabilidade de eventos extremos”, diz o documento.
Apesar de fazerem uma projeção pessimista quanto ao aumento da temperatura global e de afirmarem que “ondas de calor são mortais”, os cientistas dizem que “uma melhor preparação pode salvar vidas”. E justificam o relatório sob o argumento de que “compreender a probabilidade de tais eventos extremos de calor é essencial para permitir que a sociedade se prepare para eles”.
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