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segunda-feira, 24 de abril de 2023

ONU pede pausa humanitária urgente no conflito armado que se instalou no Sudão

O coordenador humanitário da ONU (Organização das Nações Unidas) no Sudão, Abdou Dieng, afirmou estar “horrorizado” com o número de vítimas civis nos confrontos iniciados na última semana. Segundo os dados, mais de 300 pessoas foram mortas em todo o país, incluindo cinco trabalhadores humanitários, e cerca de 3,2 mil ficaram feridas.

Os confrontos entre as tropas do exército nacional e a milícia rival conhecida como Forças de Apoio Rápido (RSF, da sigla em inglês) eclodiram há seis dias, impactando a vida da população e a operação de ajuda humanitária em andamento em todo o país.

O coordenador afirmou que breves pausas acordadas entre as facções rivais, que até agora ignoraram todos os pedidos de cessar-fogo, permitiriam aos civis o acesso a alimentos e água.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos hospitais há uma grave escassez de pessoal médico especializado, suprimentos de oxigênio e bolsas de sangue. Além disso, a falta de eletricidade e os apagões colocam os pacientes hospitalizados em alto risco.

Segundo Abdou Dieng, as necessidades de saúde mental e apoio psicossocial, especialmente entre as crianças, também estão aumentando rapidamente à medida que o conflito continua.

Cartum, capital do Sudão, em foto de 2017 (Foto: Wikimedia Commons)
Operações humanitárias

Cerca de 15,8 milhões de pessoas no Sudão, um terço da população, já precisavam de assistência humanitária antes do início dos combates desta semana.

Na quinta-feira (20), o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo urgente por um cessar-fogo de três dias como o “primeiro passo” para uma cessação permanente das hostilidades, observando que as operações humanitárias se tornaram “praticamente impossíveis”.

A ONU tem uma equipe de quatro mil trabalhadores humanitários, sendo 3,2 mil cidadãos sudaneses.

Funcionário da agência de migração da ONU foi assassinado

O diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), expressou seu pesar ao confirmar a morte de um funcionário no Sudão na sexta-feira (21). O veículo em que viajava com sua família ao sul de El Obeid foi pego em um fogo cruzado entre duas partes opostas.

António Vitorino disse que o trabalhador deixa esposa e um filho recém-nascido, com “a equipe no Sudão de luto”.

Para ele, a segurança de todos os funcionários da OIM é prioridade. Vitorino afirmou que a agência continua trabalhando com parceiros para manter a resposta ao conflito.

A onda de violência forçou a agência a suspender suas operações humanitárias no Sudão. O diretor da agência de migração da ONU afirmou que operam no Sudão desde 2000, respondendo às complexas necessidades humanitárias do país, onde há cerca de 3,7 milhões de deslocados internos.

Mulheres e meninas

A diretora da ONU Mulheres também emitiu uma declaração expressando preocupação sobre o efeito dos combates em curso sobre as mulheres e meninas sudanesas.

Sima Bahous afirmou que a crise terá impactos terríveis e desproporcionais na vida das mulheres e meninas sudanesas. Ela expressou sua solidariedade com o povo sudanês e reforçou seu comprometimento em apoiá-lo.

A chefe da ONU Mulher também destacou que já estão surgindo denúncias de violência sexual e de gênero, e teme que “se tornem cada vez mais frequentes” e pediu às tropas e milícias do governo que “garantissem que nenhuma mulher ou menina seja afetada por esses crimes”.

Ela insistiu que “todos os casos” de violência sexual e de gênero devem ser investigados e processados ​​sem exceção.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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