A empresa francesa que fabrica a vodka Absolut, originária da Suécia, decidiu mais uma vez suspender todas as exportações para a Rússia. A medida surge após um movimento realizado por cidadãos suecos para que as bebidas da companhia fossem boicotadas no país escandinavo, segundo informou o jornal independente The Moscow Times.
Desde que explodiu a guerra na Ucrânia, fruto da invasão do país por tropas russas, mais de mil empresas optaram por deixar de atuar na Rússia. A empresa francesa Pernod Ricard, atual dona da Absolut, chegou a integrar esse grupo, mas no início de abril disse que havia retomado as exportações de seus produtos.
De acordo com Stephanie Durroux, diretora executiva da The Absolut Company, o retorno da tradicional vodka ao mercado russo era uma forma de a empresa exercer seu “dever de cuidar de nossos parceiros e funcionários”. E acrescentou: “Não podemos expô-los a críticas generalizadas”.
Por sua vez, a Pernod Ricard alegou que decidiu voltar a exportar para a Rússia a fim de proteger a equipe que mantinha no país de problemas com a Justiça, vez que os funcionários poderiam ser criminalmente responsabilizados por “falência intencional”.
Entretanto, o retorno ao mercado russo gerou duras críticas na Suécia, país de origem da Absolut, onde até o primeiro-ministro Ulf Kristersson se disse “muito surpreso” com a decisão. A população sueca também não reagiu nada bem e iniciou uma campanha de boicote no país.
A Pernod Ricard foi duramente afetada, com diversos bares e restaurantes suecos se recusando a vender produtos da companhia. Veio, então, a decisão de suspender mais uma vez as exportações para a Rússia.
“A reação nos últimos dias reflete claramente o papel que a Absolut desempenha para sua comunidade estendida na Suécia”, disse Durroux. “Reconhecemos a importância desses relacionamentos duradouros e de confiança com nossos funcionários, parceiros, consumidores suecos e a sociedade sueca em geral”.
Por que isso importa?
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022, mais de mil empresas ocidentais deixaram de operar em território russo, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral. São companhias que querem evitar o risco de desobedecer as sanções ocidentais, ou mesmo a reação negativa da opinião pública caso continuem a lucrar no mercado russo. O levantamento foi feito pela Universidade de Yale, nos EUA.
A debandada prejudica o consumidor local, privado de produtos de setores diversos, como entretenimento, tecnologia, automobilístico, vestuário e geração de energia.
No setor de alimentação, o McDonald’s vendeu seu negócio no país a um empresário russo. Ao fim de 2021, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das lojas russas eram operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na Ucrânia, a operação respondia por 9% da receita global da empresa.
Duas importantes cervejarias da Europa, a holandesa Heineken e a dinamarquesa Carlsberg, também anunciaram que venderiam seus negócios e deixariam de atuar na Rússia.
Uma situação que causou problemas sérios aos russos foi o fim dos serviços das companhias de cartões de crédito Mastercard e Visa. Cartões emitidos na Rússia deixaram de ser aceitos no exterior, o que atrapalhou turistas provenientes da Russia. No ano passado, um grupo deles foi impedido de deixar a Tailândia por problemas com voos cancelados e cartões bloqueados.
No setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s, sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea, gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da guerra.
Nas áreas de entretenimento e tecnologia, alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia, enquanto Warner, Disney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e disse que não mais venderá seus produtos, como iPhones e iPads, em território russo. Panasonic, Microsoft, Nokia, Ericsson e Samsung são outras que optaram por encerrar as operações no país.
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