Anualmente, o 9 de maio marca na Rússia o Dia da Vitória, mais importante feriado militar nacional, que lembra o triunfo sobre os nazistas no fim da Segunda Guerra Mundial. Em 2023, porém, as celebrações em diversas áreas do país e da Ucrânia ocupada foram canceladas por questões de segurança. A informação consta de um boletim de inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido.
De acordo com o governo britânico, “líderes de várias regiões russas na fronteira com a Ucrânia, bem como a Crimeia ocupada, anunciaram que seus desfiles militares de 9 de maio, geralmente de alto nível, no Dia da Vitória, serão cancelados”.
O motivo do cancelamento seria a preocupação das autoridades russas com a segurança da população local, devido aos recentes contra-ataques ucranianos que atingiram a região de fronteira e a Crimeia.
Na visão do Ministério da Defesa do Reino Unido, o cancelamento pode comprometer a retórica do Kremlin de que a “operação militar especial”, eufemismo usado oficialmente para se referir à guerra, é um sucesso.
“A mensagem corre o risco de ficar cada vez mais desconfortável entre muitos russos que têm percepções imediatas sobre a campanha mal administrada e fracassada na Ucrânia”, diz o relatório britânico.
Além disso, Moscou entende que as eventuais celebrações poderiam ser mal interpretadas. Haveria o risco de a população encarar o Dia da Vitória como uma data para relembrar os muitos mortos na atual guerra da Ucrânia, algo que o presidente Vladimir Putin tenta esconder a todo custo.
Praias fechadas na Crimeia
Na Crimeia, ocupada pela Rússia desde 2014 e um dos locais onde os festejos foram cancelados pelo Kremlin, o governo local também anunciou o fechamento das praias para os banhistas. Nesse caso, a decisão se baseia na expectativa de uma contraofensiva ucraniana em larga escala, segundo informa a revista Newsweek.
Em vez de russos curtindo o mar e o sol da primavera nas praias da Crimeia, fotos divulgadas por grupos pró-Kiev no Telegram mostram trincheiras e fortificações defensivas preparadas por soldados à espera da ação ucraniana.
O jornal Washington Post já havia divulgado no início do mês fotos de satélite que mostram as supostas instalações militares em praias da Crimeia. “Os militares russos, aparentemente, entendem que a Crimeia terá que ser defendida em um futuro próximo”, disse na ocasião Ian Matveev, um analista militar russo.
Em janeiro deste ano, Ben Hodges, tenente-general aposentado do Exército dos EUA, projetou que Kiev retomaria a Crimeia em 2023. “É claro que o tempo está do lado da Ucrânia. Eles não têm problemas de mão de obra e sua situação logística melhora a cada semana. Nenhum soldado russo realmente quer estar lá, e as sanções estão prejudicando. A Ucrânia libera a Crimeia até o final de agosto”, disse ele
Nesta quinta-feira (13), o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, deixou claro que a Crimeia é prioritária para Kiev, que não abrirá mão da região para obter um acordo de paz. “Estamos unidos pelos princípios da Carta da ONU e pela convicção compartilhada de que a Crimeia é a Ucrânia e retornará ao controle da Ucrânia”, disse ele, segundo a agência Associated Press (AP).
Kuleba acrescentou: “Toda vez que você ouve alguém de qualquer canto do mundo dizendo que a Crimeia é de alguma forma especial e não deve ser devolvida à Ucrânia, como qualquer outra parte do nosso território, você precisa saber uma coisa: a Ucrânia discorda categoricamente dessas declarações”, afirmou o ministro em mensagem de vídeo exibida durante a Conferência de Segurança do Mar Negro.
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