Seguindo a tradição de realizar visitas de solidariedade a países muçulmanos durante o mês sagrado do Ramadã, o chefe da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, desembarcou na terça-feira (11) na Somália.
Ele se encontrou com o presidente Hassan Sheikh Mohamud na capital Mogadíscio para discutir a crise humanitária no país e pediu apoio internacional “massivo” à Somália, que luta contra seca por cinco anos consecutivos e crescente violência.
O secretário-geral disse a jornalistas que sua presença no país tem a intenção de “soar o alarme” sobre a necessidade de apoio internacional maciço por causa das dificuldades humanitárias que o país enfrenta.
Citando o Ramadã, Guterres afirmou que a Somália incorpora a mensagem atemporal de renovação e esperança da celebração religiosa e reiterou o apoio das Nações Unidas à nação.
Ao destacar a questão da falta de chuvas na região, o chefe das Nações Unidas lembrou que a Somália contribui com 0,003% das emissões que causam a mudança climática. No entanto, os somalis estão entre as maiores vítimas das alterações no clima.
Clima e insegurança alimentar
O secretário-geral destacou que quase cinco milhões de pessoas estão experimentando altos níveis de insegurança alimentar aguda e sofrem com o aumento dos preços.
Assim, ele pediu aos doadores e à comunidade internacional para intensificar o seu apoio ao Plano de Resposta Humanitária de 2023, que atualmente conta com apenas 15% de financiamento.
Segundo Guterres, além de prevenir a desnutrição e o deslocamento, os valores também poderiam iniciar um novo processo de estabilização e desenvolvimento no país e aumentar as suas capacidades para combater o grupo terrorista Al-Shabaab com eficácia.
Campo de deslocados
Além do encontro oficial, o primeiro após seis anos, Guterres também esteve em um campo de deslocados internos
Ao lado do coordenador humanitário da ONU para a Somália, Adam Abdelmoula, que também atua como seu vice-representante especial no país, o secretário-geral visitou somalis afetados pela crise humanitária no campo em Baidoa, a maior cidade do Estado de Sudoeste na Somália.
Após ouvir histórias de somalis que perderam sua produção devido ‘à seca, Guterres declarou que a população precisa de apoio para sanar a violência e o “drama humanitário”. Ele adicionou que é preciso construir resiliência e criar um caminho de desenvolvimento para o povo da Somália.
Metade da população precisa de ajuda humanitária
De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), quase metade da população da Somália, ou 8,25 milhões de pessoas, precisa de assistência humanitária e proteção devido aos choques climáticos.
Desses, cerca de 3,8 milhões são deslocados internos e 1,8 milhão de crianças estão gravemente desnutridas. As estimativas apontam que oito milhões de somalis não têm acesso a água, saneamento e higiene adequados. Dois terços de todas as pessoas em áreas afetadas pela seca não têm acesso a cuidados de saúde essenciais.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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