Na quarta-feira (31), o Taleban celebrou um ano desde que as tropas dos EUA saíram definitivamente do Afeganistão. Os festejos tiveram gritos de vitória e uma parada militar exibindo equipamento deixado para trás pelos norte-americanos. Foram marcados também por violência, com a explosão de um carro-bomba que matou ao menos duas pessoas. As informações são do site Gandhara.
O alvo do carro-bomba foi um comboio talibã que deixava a Base de Bagram, onde ocorreram os festejos. O local foi usado como centro de operações das forças armadas norte-americanas por duas décadas, até a retirada no ano passado. O último soldado deixou as instalações em 30 de agosto de 20221, em meio à caótica evacuação das tropas ocidentais.
De acordo com o Taleban, duas pessoas morreram e mais três ficaram feridas na explosão, embora outras testemunhas tenham relatado um número maior de baixas. Por ora, ninguém assumiu a autoria do atentado, cujas características remetem inevitavelmente ao Estado Islâmico-Khorasan (EI-K).
Os talibãs, que governam o Afeganistão desde o dia 15 de agosto do ano passado, quando tomaram Cabul, declararam o dia 31 de agosto feriado no país. Na noite anterior, eles lembraram a data com fogos de artifício e tiros disparados para o ar.
O Mulá Mohammad Hassan Akhund, primeiro-ministro do Taleban, disse em seu discurso que o grupo passou 20 anos lutando para atingir o objetivo alcançado na celebrada data. Apesar da festa, ele admitiu que o país vive uma profunda crise econômica e atribuiu a responsabilidade às sanções impostas por Washington e seus aliados.
Por que isso importa?
Desde que chegou ao poder, o Taleban busca reconhecimento global como governo de direito do Afeganistão. Enquanto isso não ocorre, o país continua marginalizado da comunidade internacional, em razão das acusações de abusos dos direitos humanos e da forte repressão, sobretudo contra mulheres.
Também pesam contra o grupo as acusações de proximidade com a Al-Qaeda, uma das principais organizações terroristas do mundo. Relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado no final de maio de 2022 afirma que, conforme avaliação dos Estados-Membros a “Al-Qaeda tem um porto seguro sob o Taleban e maior liberdade de ação”.
Mais que legitimar os talibãs internacionalmente, o reconhecimento fortaleceria financeiramente um país pobre e sem perspectiva imediata de gerar riqueza. Em meio à crise profunda que os afegãos enfrentam, os Estados Unidos liberaram para ajuda humanitária, em fevereiro de 2022, US$ 3,5 bilhões em ativos congelados do Banco Central do Afeganistão em solo norte-americano.
Quando o governo afegão se dissolveu, com altos funcionários deixando o país, incluindo o presidente e o governador interino do banco central, deixou para trás pouco mais de US$ 7 bilhões em ativos depositados no Federal Reserve Bank dos EUA. Como não estava mais claro quem tinha autoridade legal para obter acesso a essa conta, o Fed tornou os fundos indisponíveis para saque.
Washington congelou os fundos afegãos mantidos nos EUA após o grupo islâmico ascender ao poder, em agosto do ano passado. Ultimamente, o governo Biden vinha sendo pressionado a disponibilizar o dinheiro sem reconhecer o regime do Taleban, que alega ser o dono do dinheiro. O valor, então, acabou liberado, com a outra metade destinada a pagar indenizações às vítimas dos ataques de 11 de setembro.
O Afeganistão tem mais US$ 2 bilhões em reservas, depositados em países como Reino Unido, Alemanha, Suíça e Emirados Árabes Unidos.
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