Membros do Taleban e guardas de fronteira do Irã entraram em confronto na divisa entre o Afeganistão e o território iraniano. Ao menos uma pessoa morreu e outra ficou ferida, de acordo com informações da rede Gandhara.
“Temos um morto e um ferido. A causa do confronto ainda não está clara”, disse no domingo (31) Bahram Haqmal, porta-voz da polícia da província de Nimroze, no sul do Afeganistão.
Maysam Barazandeh, governador da área de fronteira de Hirmand, no Irã, deu a entender que a baixa ocorreu do lado afegão. Segundo ele, não há nenhum ferido entre os iranianos.
Segundo a agência de notícias iraniana Tasnim, Teerã atribui a culpa pelo embate aos talibãs, que teriam tentado erguer uma bandeira do grupo “em uma área que não é território afegão”.
O confronto entre os dois lados não é novidade e ocorreu em outras ocasiões desde a ascensão dos talibãs ao poder, no dia 15 de agosto de 2021.
O Irã tem sofrido com o fluxo constante de afegãos em busca de refúgio. Calcula-se que mais de 5 milhões de pessoas tenham emigrado do Afeganistão ao país vizinho nos últimos 12 meses. As duas nações compartilham uma fronteira de cerca de 900 quilômetros.
Por que isso importa?
Desde que chegou ao poder, o Taleban busca reconhecimento global como governo de direito do Afeganistão. Enquanto isso não ocorre, o país continua marginalizado da comunidade internacional, justamente em razão das acusações de abusos dos direitos humanos e da forte repressão, sobretudo contra mulheres.
Também pesam contra o grupo as acusações de proximidade com a Al-Qaeda, uma das principais organizações terroristas do mundo. Relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado no final de maio de 2022 afirma que, conforme avaliação dos Estados-Membros a “Al-Qaeda tem um porto seguro sob o Taleban e maior liberdade de ação”.
Mais que legitimar os talibãs internacionalmente, o reconhecimento fortaleceria financeiramente um país pobre e sem perspectiva imediata de gerar riqueza. Em meio à crise profunda que os afegãos enfrentam, os Estados Unidos liberaram para ajuda humanitária., em fevereiro de 2022, US$ 3,5 bilhões em ativos congelados do Banco Central do Afeganistão em solo norte-americano.
Quando o governo afegão se dissolveu, com altos funcionários deixando o país, incluindo o presidente e o governador interino do banco central, deixou para trás pouco mais de US$ 7 bilhões em ativos depositados no Federal Reserve Bank dos EUA. Como não estava mais claro quem tinha autoridade legal para obter acesso a essa conta, o Fed tornou os fundos indisponíveis para saque.
Washington congelou os fundos afegãos mantidos nos EUA após o grupo islâmico ascender ao poder, em agosto do ano passado. Ultimamente, o governo Biden vinha sendo pressionado a disponibilizar o dinheiro sem reconhecer o regime do Taleban, que alega ser o dono do dinheiro. O valor, então, acabou liberado, com a outra metade destinada a pagar indenizações às vítimas dos ataques de 11 de setembro.
O Afeganistão tem mais US$ 2 bilhões em reservas, depositados em países como Reino Unido, Alemanha, Suíça e Emirados Árabes Unidos. A maioria desses fundos também está congelada. Autoridades norte-americanas relataram ter entrado em contato com aliados para detalhar sua iniciativa, mas Washington foi o primeiro a oferecer um plano sobre como usar os ativos congelados para auxiliar o povo afegão.
O post Confronto entre talibãs e forças de segurança do Irã deixa ao menos um morto apareceu primeiro em A Referência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário, evite comentários depreciativos e ofensivos