Milhares de turistas russos enfrentam dificuldades para deixar a Tailândia em meio à guerra na Ucrânia. Eles estão entre as primeiras vítimas das duras sanções impostas à Rússia pelos países ocidentais, bem como da decisão de muitas empresas que deixaram de operar no país em função da invasão. As informações são da agência Reuters.
De acordo com as autoridades turísticas do país asiático, há registros de mais de sete mil russos que não conseguem ir embora. Os problemas começam com o cancelamento de voos, passam pela exclusão de bancos do sistema global de pagamentos Swift e se justificam até pela brusca desvalorização do rublo.
“Temos que ser bons anfitriões e cuidar de todos”, disse Yuthasak Supasorn, chefe do setor turístico tailandês. “Ainda há turistas russos a caminho daqui”, acrescentou, sugerindo que o problema tende a se manter, possivelmente aumentar.
No caso dos voos, um dos problemas é o fechamento do espaço aéreo da União Europeia (UE) para voos provenientes ou destinados à Rússia. Até Moscou contribui para o drama de seus cidadãos, vez que proibiu os voos de dezenas de companhias aéreas como retaliação.
Outra dor de cabeça dos turistas é o cancelamento de seus cartões de crédito, após Mastercard e Visa anunciarem que deixariam de atuar na Rússia. Embora serviços como saques e pagamentos continuem a funcionar domesticamente, os cartões foram bloqueados para uso no exterior. Assim, muitos russos têm recorrido à China UnionPay, empresa baseada em Beijing que não aderiu às sanções.
Com os turistas impedidos de ir embora, o governo da Tailândia diz que está prestando a assistência necessária. “Pedimos aos hotéis que reduzam os preços e estendam suas estadias”, disse o presidente da associação de turismo de Phuket, Bhummikitti Ruktaengam, que diz haver também ucranianos impedidos de voltar para casa devido à guerra.
Os registros indicam que, em 2019, a Tailândia recebeu 1,4 milhão de turistas russos. Em janeiro deste ano, 23 mil russos visitaram o país asiático. Os destinos principais são Phuket, onde está a maioria dos turistas atualmente, além de Koh Samui, Pattaya e Krabi.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.
O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de guerra ou contra a humanidade.
Fora do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema e música.
De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.
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