A Justiça da Rússia anunciou, na segunda-feira (16), a condenação de mais uma aliada de Alexei Navalny, principal opositor do presidente Vladimir Putin. Kira Yarmysh, porta-voz do oposicionista, foi sentenciada a um ano e meio de “liberdade restrita”, sob acusação de infringir normas sanitárias durante a pandemia de Covid-19, informa o jornal independente The Moscow Times.
Outras três pessoas próximas a Navalny foram punidas sob a mesma acusação, todas ligadas aos protestos de janeiro deste ano contra Putin.
Primeiro, Nikolai Lyaskin pegou um ano de “liberdade restrita”. Posteriormente, a mesma punição foi imposta à advogada Lyubov Sobol, que deixou o país pouco depois de tomar conhecimento da sentença. O alvo mais recente foi Oleg Navalny, irmão de Alexei, condenado a um ano de prisão, com a pena suspensa pelo período probatório de um ano.
A pena de “liberdade restrita” é uma espécie de prisão domiciliar e passa a valer dez dias após o veredito. Ela obriga o réu a permanecer em casa no período entre 22h e 6h, bem como proíbe a presença em manifestações e as viagens ao exterior. O indivíduo também deve se apresentar à polícia regularmente.
Oposição silenciada
No final de julho, o governo bloqueou 49 sites ligados a Navalny. O Roskomnadzor, órgão regulador da internet e dos meios de comunicação, tirou do ar a página navalny.com e outras 48 pertencentes a pessoas e organizações ligadas ao opositor, declaradas pela Justiça como “extremistas”.
Além da perseguição direta a Navalny e a seus aliados, o Kremlin tem atuado para silenciar a imprensa independente. Ainda no mês passado, a polícia prendeu o jornalista que investigou o envenenamento de Navalny em parceria com o site investigativo holandês Bellingcat. Roman Dobrokhotov, editor-chefe do The Insider, foi detido por calúnia após a publicação de reportagens desfavoráveis a Putin.
Por que isso importa?
Alexei Navalny é o principal crítico do governo Putin. Ele está preso desde janeiro, quando retornou da Alemanha após cinco meses de recuperação médica. O opositor foi vítima de uma tentativa de envenenamento por novichok em 20 de agosto, quando retornava da Sibéria.
Em fevereiro, um tribunal o condenou a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020 – enquanto estava em coma pela dose tóxica.
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