Autoridades do PCC (Partido Comunista Chinês) no condado de Daishan, na província de Zhejiang, removeram à força cruzes e outros símbolos cristãos de barcos pesqueiros na última quarta-feira (28), bem como fizeram ameaças de cancelar autorizações de pesca, denunciou a ONG cristã norte-americana China Aid.
De acordo com relatos locais, a ação visava somente a pessoas associadas ao Cristianismo, e os oficiais, que não teriam apresentado identificação durante a inspeção, teriam sido permissivos com pescadores ligados a outras crenças.
Os censores também são acusados de apagar a palavra “Emmanuel” (nome profético de cristo, em hebraico) pintada nas embarcações. Eles ainda teriam feito ameaças a pescadores de que, caso se recusassem a deixá-los proceder com a remoção da cruz, não permitiriam que comprassem gasolina e dirigissem seus barcos.
“O governo é completamente irracional”, escreveu um pescador em uma rede social, de acordo com a China Aid. “Os barcos de pesca são propriedade pessoal. Temos o direito de colocar cruzes em nossos barcos. A liberdade religiosa está escrita na Constituição. No entanto, é apenas conversa fiada. O governo nunca faz cumprir a Constituição”, condenou.
Outro pescador escreveu: “O governo do condado está destruindo propriedades pessoais ao remover as cruzes à força, não é? Por que eles apenas removem cruzes, mas não sinais e slogans de outras religiões? Por que as cruzes os incomodam? Se eles não gostam de uma cruz, por que não podem simplesmente considerá-la como o logotipo da ‘Cruz Vermelha?”.
Minoria religiosa
Cerca de um terço dos 70 mil residentes na ilha de Qushan são cristãos. De acordo com a China Aid, as pessoas em Daishan ouviram o Evangelho pela primeira vez há mais de 100 anos e o Cristianismo “é uma parte vital da vida e cultura local”.
Segundo a organização cristã internacional Portas Abertas, que monitora a perseguição religiosa em mais de 60 países, há cerca de 97 milhões de cristãos na China, uma grande porcentagem dos quais cultuam uma crença tida como “ilegal” e frequentam igrejas domésticas clandestinas.
De acordo com relatórios divulgados recentemente, a perseguição religiosa na China se intensificou em 2020, com milhares de cristãos afetados pelo fechamento de igrejas e outros abusos dos direitos humanos.
A perseguição faria parte de uma tentativa de neutralizar minorias religiosas da China, como já acontece com a etnia uigur. Beijing já censurou as palavras “Cristo” e “Jesus” de publicações, removeu cruzes de torres pelo país e anunciou a publicação de sua “própria versão” de textos religiosos no ano passado.
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