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quarta-feira, 14 de abril de 2021

Artista feminista é julgada por ‘pornografia’ na Rússia

A artista e ativista pelos direitos LGBT e das mulheres Yulia Tsvetkova, 27, está sendo julgada por “pornografia” na Rússia. Os promotores começaram as audiências nesta segunda (12) após acusar a jovem de “desviar dos valores familiares tradicionais”, registrou a Associated Press.

Se considerada culpada, Tsvetkova pode ficar até seis anos na prisão. A artista de Komsomolsk-on-Amur, cidade do extremo leste da Rússia, entrou na mira das autoridades depois que passou a compartilhar obras de arte na rede social VKontakte. Em suas peças retratava corpos femininos.

O julgamento começou no mesmo dia em que Vladimir Putin proibiu oficialmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Artista feminista é julgada por 'pornografia' na Rússia
A artista e ativista pelo direito das mulheres Yulia Tsvetkova, de 27 anos, antes de ser presa na Rússia (Foto: Reprodução/Facebook/Arquivo pessoal)

Líder vocal pela igualdade de gênero, Tsvetkova também fundou o proeminente grupo online russo “Vagina Monologues”, onde encorajava o enfrentamento aos estigmas e tabus que cercam o corpo das mulheres. A ativista está detida desde novembro de 2019, quando policiais fizeram buscas em sua casa e trabalho.

Na petição pela soltura de Tsvetkova, sua família afirma que ela ficou em prisão domiciliar até março de 2020. No período, ela e sua mãe foram interrogadas mais de 30 vezes e sofreram diversos assédios e ameaças de morte, diz o site. Antes de ser presa, a ativista recebeu duas multas por “disseminar propaganda gay para menores”.

Segundo a petição, a investigação criminal contra Yulia não partiu de reclamações da comunidade local, mas do ativista homofóbico Timur Bulatov, de São Petesburgo.

“Em suas próprias palavras, Bulatov já disse que está engajado em uma ‘jihad moral’ contra pessoas LGBT e seus aliados. Bulatov publicou o endereço de Yulia e pediu que seus apoiadores a matassem”, relata a campanha.

“Acusação de pornografia é absurda”, diz advogada

Organizações como a Anistia Internacional instaram o governo russo a soltar a artista. “Uma mulher está sendo julgada criminalmente por produzir pornografia simplesmente por desenhar e publicar imagens do corpo feminino em uma expressão livre e artística”, condenou Natalia Zviagina, diretora da ONG em Moscou.

A advogada de Tsvetkova, Irina Ruchko, declarou a acusação como “absurda”. “Tsvetkova estava apenas expressando seus pontos de vista por meio da arte”, disse. “Yulia sempre foi contra a pornografia, que é uma indústria que só serve para explorar o corpo das mulheres”, afirmou a mãe da artista, Anna Khodyreva.

A perseguição a Tsvetkova pode aprofundar ainda mais as divergências entre Moscou e a UE (União Europeia). Bruxelas, que já lançou sanções pela prisão do político opositor Alexei Navalny, afirmou que o bloco está “acompanhando de perto” o caso da artista e pediu que as autoridades russas interrompam a acusação.


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