Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONU News, da Organização das Nações Unidas
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, chamou a atenção internacional para um “mundo à beira do abismo” ao discursar esta quarta-feira na Cúpula de Líderes Globais sobre o Clima, nesta quinta (22).
Guterres pediu que o próximo passo seja na direção certa, durante a conferência virtual, organizada pelos Estados Unidos. Ele apelou à ação das lideranças em todos os lugares.
Guterres defende uma aliança global para zerar as emissões líquidas de carbono até meados deste século, com cada país, região, cidade, empresa e setor. Essa iniciativa “verdadeiramente global” seria acompanhada por um avanço em áreas como finanças e adaptação.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, foi o primeiro chefe de Estado lusófono a intervir na Cúpula, que ocorre sete meses antes da 26ª Conferência sobre o Clima, a COP-26, marcada para Glasgow, na Escócia. Ele realçou que a causa maior do aquecimento global é a queima de combustíveis fósseis dos últimos dois séculos.
“O Brasil participou com menos de 1% das emissões históricas de gases de efeito estufa, mesmo sendo uma das maiores economias do mundo. No presente respondemos por menos de 3% das emissões globais anuais.”
Para o presidente do Brasil, a aposta do país em atingir a neutralidade climática, até 2050, se antecipa em 10 anos à meta anterior. Segundo ele, o governo tem um plano para erradicar o desmatamento ilegal até 2030, reduzindo em quase metade as emissões até essa data, ainda que considere que ação seja uma “tarefa complexa”.
Recursos
O chefe das Nações Unidas também propôs que a atual década seja de transformação, com apostas novas e mais ambiciosas para a mitigação e financiamento. As medidas e políticas para os próximos 10 anos estariam em linha e visando a eliminação das emissões de carbono até 2050.
A terceira proposta é traduzir compromissos nacionais em ações imediatas e concretas. Guterres disse que os trilhões de dólares necessários para recuperar da pandemia devem financiar políticas que evitem sobrecarregar as gerações futuras de dívidas em um planeta destruído.
Guterres realçou a tributação de carbono e defendeu o fim de subsídios aos combustíveis fósseis. O aumento de investimentos em energia renovável e da infraestrutura verde também integraram a pauta.
Sublinhando que deve acabar o financiamento de usinas de carvão e a construção de novas, o chefe da ONU pediu que eliminar gradualmente o carvão até 2030 em países mais ricos e até 2040 em todos os outros garantiria uma transição justa para os afetados.
Acordo de Paris
A reunião reúne líderes que buscam o corte das emissões de carbono pela metade até 2030 como prevê o Acordo de Paris.
Os EUA anunciaram uma nova meta para atingir uma redução de entre 50% e 52% dos níveis de poluição de gases de efeito estufa em 2030. Joe Biden declarou que pretende colocar seu país no caminho para emissões líquidas zero até 2050.
Reagindo à promessa norte-americana feita na sequência do retorno do país ao Acordo de Paris, Guterres disse que o mundo caminha no rumo certo em direção a Ação Climática, mas seria preciso mais velocidade de líderes nesse sentido.
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