Ao desembarcar no Sri Lanka nesta terça (27), o ministro da Defesa da China, Wei Fenghe, tem como objetivo incrementar a cooperação entre os países – passo que desagrada a Índia, acostumada a ver a pequena nação insular ao sul do país como uma espécie de “quintal político”.
Com a visita, Wei torna-se o segundo oficial sênior chinês a visitar o Sri Lanka desde o início da pandemia. Em outubro de 2020, o chefe da política externa da China, Yang Jiechi, cumpriu uma agenda de três dias no país – o mesmo intervalo planejado agora para o ministro da Defesa, confirmou o portal cingalês “News First”.
As conversas com o presidente Gotabaya Rajapaksa e o primeiro-ministro Mahinda Rajapaksa, que se estendem até quinta, miram interesses geopolíticos. Isso porque as águas do Sri Lanka são caminho para cerca de 80% da energia que chega de outros países à Índia e à China. Por ali também circula metade dos carregamentos mundiais de petróleo.
Beijing ainda disputa seu espaço junto às elites que dominam a política na capital, Colombo. Conforme o jornal honconguês “South China Morning Post”, a visita de Wei deve coincidir com a decisão da Suprema Corte do país sobre a construção do porto de Colombo, polêmico projeto de US$ 1,4 bilhão que conta com financiamento da China.
O tribunal deve julgar 19 petições contra a obra, que envolvem violações constitucionais, trabalhistas e à soberania do país, dizem oponentes. O projeto, porém, é apenas um entre uma série de investimentos chineses na ilha, o que alavancou as transações bilaterais nos últimos anos.
Acordo militar está distante, diz diplomata indiano
Em 2000, as importações chinesas respondiam por apenas 3,5% do total que chegava nos portos cingaleses. Apenas 17 anos depois, já chegavam a um quarto do total e ultrapassavam a Índia. Histórica parceira comercial, Nova Délhi compartilha laços étnicos e culturais com o Sri Lanka.
Desde então, a ilha no Oceano Índico tornou-se palco de uma queda de braço entre as duas potências asiáticas enquanto os irmãos Rajapaksa têm sido cada vez mais receptivos às investidas chinesas.
Em entrevista ao indiano “The Hindu”, o diplomata indiano Ranjan Mathai apontou que um acordo militar significativo é “improvável” durante a viagem de Wei. Apesar de Beijing e Nova Délhi terem acentuado a disputa por faixas de terra na fronteira do Himalaia em 2020, o encontro deve servir apenas como fortalecimento simbólico dos laços bilaterais.
“Ela ocorre em um momento em que o Sri Lanka diz que não quer se envolver em confrontos militares entre grandes potências”, disse. Ocorre que a China conseguiu garantir uma “neutralidade” do Sri Lanka em relação às tensões crescentes sobre a China no Indo-Pacífico, pontuou Mathai.
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