O empresário e proeminente ativista pró-democracia de Hong Kong, Jimmy Lai, 73, foi preso novamente na última sexta (16) por organizar e participar de um protesto contra Beijing ainda em 2019.
Militares já haviam detido Lai há dois anos por “conluio com forças estrangeiras”. Libertado sob fiança, ele voltou para a prisão em dezembro de 2020. Autoridades o acusaram de usar a sede de sua empresa para “fins não permitidos”, o que um juiz classificou como “fraude”.
Desta vez, o ativista deve ficar detido por um ano por integrar e liderar os protestos anti-Beijing em Hong Kong. O processo contra Lai tem base na lei de segurança nacional do território, em vigor desde 30 de junho de 2020.
A medida classifica e criminaliza qualquer tentativa de “intervir” nos assuntos locais como “subversão, secessão, terrorismo e conluio”. Infrações graves podem levar à prisão perpétua.
O dispositivo veio na esteira de uma série de protestos contra o aumento do domínio de Beijing sobre Hong Kong. Após a transferência do território dos britânicos para a China, em 1997, a cidade operou sobre um sistema mais autônomo e diferente do restante do país.
Em uma das detenções de Jimmy Lai, em agosto, os preços das ações de suas empresas dispararam. A alta chegou a 1.200%. Por semanas, a controladora do jornal, Next Digital, se tornou a companhia de mídia mais valiosa do território. O valor da empresa chegou a US$ 266 milhões. Com a alta, superou em valor de mercado a emissora TVB, até então a maior de Hong Kong no segmento de mídia.
Católicos em Hong Kong
Em dezembro, duas freiras do escritório não-oficial do Vaticano em Hong Kong foram detidas por três semanas em Hebei. Elas não foram autorizadas a retornar ao território semiautônomo e é provável que estejam em prisão domiciliar, segundo informações do portal East Asia Forum.
O padre Gianni Criveller, baseado em uma das poucas instituições católicas remanescentes de Hong Kong, disse ao portal “The Federalist” que nenhum dos ativistas, incluindo Lai, foi preso por violência. “Militares os detiveram por organizar as manifestações que, embora pacíficas, não foram autorizadas por Beijing”, relatou.
Segundo ele, cinco líderes católicos estão entre os presos políticos de Hong Kong. Entre eles está Martin Lee, 82, conhecido como o “pai da democracia” do território. O advogado mais antigo da cidade fundou o Partido Democrático e é um dos autores da Lei Básica de Hong Kong, a carta constitucional da cidade.
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