O governo da Turquia ameaçou deportar a ativista do Turcomenistão Dursoltan Taganova, 29, a menos que “interrompa suas atividades políticas”. A crítica denunciou o ataque ao grupo de direitos humanos russo Memorial na última quarta (21).
Conforme Dursoltan, autoridades turcas a advertiram que poderia ter “problemas de residência” caso as críticas ao Turcomenistão persistam. A ativista está em Istambul desde 2011, e, na Turquia, passou a protestar pela democracia no Turcomenistão, uma das ditaduras mais fechados do mundo.
Dursoltan chegou a ser presa pela polícia turca em julho passado, quando permaneceu 85 dias sob custódia por “participar de manifestação não autorizada e protestar contra a Turquia”. À época, Ancara já havia ameaçado deportá-la a pedido do governo turcomeno.
Segundo ela, agentes do governo turco pediram que parasse com as “apresentações na internet”. “Não queremos que você tenha problemas com a sua residência aqui”, afirmaram, segundo relato da jovem concedido à RFE (Radio Free Europe).
Conforme Dursoltan, as autoridades deixaram claro que monitoravam a correspondência da ativista com outros criadores de conteúdo e todas as suas manifestações online. A ativista teve a conta do TikTok bloqueada no dia 15 depois que usou a rede para falar dos problemas econômicos do Turcomenistão.
Situação interna
A pressão sobre Taganova ocorre poucos dias depois do presidente autoritário do país da Ásia Central, Gurbanguly Berdymukhammedov, assumir o controle da recém-criada câmara alta do Parlamento, a Halk Maslahaty – ou “Conselho do Povo”. O mandatário está no poder desde 2006.
Conforme a mídia estatal da ex-nação soviética, Berdymukhammedov teria sido eleito para o cargo por “voto secreto”. Além dele, outros oito membros integram a câmara, de 56 integrantes. A criação do espaço integra uma série de mudanças constitucionais iniciadas ainda em 2019 – e ainda obscuras para a própria população turcomena.
No Turcomenistão não há imprensa ou eleições livres nem oposição. Há expurgos frequentes nos escalões mais baixos do governo, enquanto dissidentes e opositores são presos ou enviados a hospitais psiquiátricos. Os registros de presos políticos desaparecidos já ocorrem há 18 anos, segundo a HRW.
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