O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, vai atrasar as eleições legislativas, previstas para 22 de maio, nesta quinta (29). O dirigente culpou Israel pela incerteza sobre permitir que os palestinos fossem votar em Jerusalém Oriental, na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza.
“Decidimos adiar até que a participação do nosso povo em Jerusalém seja garantida”, disse Abbas em registro do diário israelense “Haaretz”. A decisão ocorre três meses depois do anúncio das primeiras eleições nacionais na Palestina em 15 anos.
Em reunião com representantes das facções Hamas e Fatah, Abbas afirmou que o pleito acontecerá uma semana após “Israel concordar” que os palestinos votem em Jerusalém. “Esta não é uma questão técnica, mas sim política e fundamental”, pontuou.
Conforme o presidente palestino, Tel Aviv disse que não é contra a realização das eleições, desde que não ocorram em Jerusalém. Israel proíbe qualquer atividade política ligada à Autoridade Palestina na cidade disputada e os palestinos defendem que os Acordos de Oslo, de 1995, permitem a votação.
“Realizar eleições sem Jerusalém significa desistir de qualquer reivindicação de que a cidade seja a capital de um futuro Estado palestino“, disse o vice-presidente do Fattah, Mahmoud al-Alul, à rádio Voice of Palestine. “Não ficará escrito nos livros de história que desistimos de Jerusalém”.
O governo israelense teria classificado a votação na cidade disputada como um “absurdo” em mensagens aos EUA e outros países árabes. Tel Aviv não se manifestou oficialmente sobre a questão. Abbas afirmou que já apelou à UE (União Europeia) e a diversos países europeus para que ajudem na pressão à Israel, mas não obteve resposta.
Possibilidade de confronto
A votação abriria caminho para alguma reaproximação entre os dois partidos que dominam a política local: a Fatah, que controla a Cisjordânia, e o Hamas, cuja base está na Faixa de Gaza. Após anos de cisão, os movimentos decidiram colaborar uns com os outros depois que Israel conseguiu o reconhecimento de três países muçulmanos, via intermediação dos EUA, em 2020 – Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Sudão.
Agências de defesa israelenses já lançaram alertas de violência em caso de adiamento ou cancelamento do pleito na Cisjordânia, em Jerusalém ou na Faixa de Gaza. Entre os dias 19 e 22, militantes de Gaza dispararam dezenas de foguetes contra Israel, que retaliou com novos ataques.
Tel Aviv também restringiu a pesca na região por três dias. Há registro de confrontos na Cidade Velha de Jerusalém depois que a polícia israelense instalou barricadas na região próxima ao Portão de Damasco durante o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos.
Israel anexou Jerusalém Oriental em 1967 e, desde então, a Autoridade Palestina não tem jurisdição sobre o local. Em caso de não adiamento do calendário palestino, a eleição legislativa ocorrerá em 22 de maio e a escolha da nova Presidência fica para 31 de julho.
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