A jornalista Choy Yuk-ling, 37, foi condenada por um tribunal de Hong Kong nesta quinta (22) por usar um banco de dados público para expor falhas da polícia do território. Conforme informações do “Washington Post”, a repórter é o primeiro membro da imprensa a enfrentar um processo por “ato de reportagem”.
Choy é freelancer da emissora RTHK (Radio Television Hong Kong), a única independente com financiamento público na China. Autoridades ordenaram a prisão da jornalista em novembro, após acusações de violar a lei por acessar um banco de dados de registro de automóveis públicos.
Por meio de uma placa de carro, ela reportou a falha da polícia em evitar que uma multidão pró-Beijing atacasse manifestantes antigovernamentais em julho de 2019. O incidente deixou dezenas de feridos e minou a confiança na polícia honconguesa à época dos protestos anti-Beijing.
No veredito, o juiz afirmou que o público “não tem direitos absolutos” de acesso aos documentos públicos de Hong Kong e que Choy deveria “ter falado a verdade” ao acessar o banco de dados. Seus motivos, disse o magistrado, “não importam”.
A pena pela condenação pode ser de até seis meses de prisão. Os prêmios da repórter e seus méritos como jornalista, porém, possibilitaram uma multa de 774 dólares honcongueses (R$ 544).
Repressão a jornalistas
Beijing aumentou o cerco sobre o território semiautônomo no ano passado, quando decretou uma lei de segurança nacional e fechou o cerco contra dissidentes que integraram os protestos de 2019.
A RTHK também foi alvo de sanções: em março, um funcionário público alinhado a Beijing assumiu a diretoria da emissora. Desde 2002, a posição de Hong Kong no Índice de Liberdade de Imprensa da RSF (Repórteres Sem Fronteiras) caiu da 18ª para a 80ª posição.
A organização cita novas ameaças pela lei de segurança nacional e uma “campanha de intimidação sistêmica” contra a RTHK pelo governo chinês.
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