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quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Itália apreende bens de arquiteto local que teria projetado palácio bilionário de Putin

Autoridades fiscais da Itália apreenderam bens avaliados em 141 milhões de euros pertencentes ao arquiteto italiano Lanfranco Cirillo, autor do projeto de um palácio avaliado em US$ 1,3 bilhão e supostamente pertencente ao presidente russo Vladimir Putin. As informações são da agência Reuters.

A informação sobre a apreensão dos bens foi confirmada por um advogado do arquiteto, que negou qualquer irregularidade fiscal. Cirillo, que vive atualmente na Rússia, onde recebeu cidadania em 2014, é acusado de não recolher impostos na Itália entre os anos de 2013 e 2019, de acordo com a rede Radio Free Europe (RFE).

“O arquiteto, que está em Moscou, ficou muito decepcionado com o fato de as compras de algumas propriedades de prestígio e obras de arte na Itália e o sustento de sua esposa e filha sejam usados agora para argumentar que ele forjou sua mudança para o exterior”, disse o advogado Stefano Lojacono, em referência aos termos da denúncia.

Entre os bens apreendidos pelas autoridades estão um helicóptero, propriedades de luxo, dinheiro, joias e obras de arte. Cirillo confirmou em abril deste ano ter sido o autor do projeto do palácio, embora tenha dito que em nenhum momento manteve contato com Putin.

“É loucura pensar que o presidente de um país tão importante precisaria construir um palácio para si mesmo”, disse ele na ocasião, em entrevista ao jornal italiano La7.

‘Palácio de Putin’, no Mar Negro, em imagens feitas por drone em janeiro de 2021 (Foto: fbk.info)
Fruto de corrupção

Construído entre 2005 e 2010, o palácio tem 17,6 mil metros quadrados e fica na região do Mar Negro. O local conta com uma igreja, uma estufa de 2,5 mil metros quadrados, um anfiteatro e vários edifícios residenciais.

A megaconstrução teria, entre outros caprichos, uma pista de patinação no gelo e uma sala de pole dance. Com centenas de cômodos, o imóvel oferece aos hóspedes uma série de salas de cinema, saguão com bar, cassinos e piscinas. Também há um “túnel” para acesso privativo à praia.

A denúncia de que o palácio seria de uso exclusivo do presidente Vladimir Putin foi feita em janieor do ano passado pela FBK, a fundação anticorrupção do oposicionista Alexei Navalny.

Um vídeo feito originalmente pela equipe de Navalny, cujas imagens foram reaproveitadas pela RFE, mostra detalhes das áreas interna e externa do palácio. Ele é parcialmente narrado em russo e tem legendas somente em inglês.

Um mês depois daquela denúncia, em fevereiro de 2021, o bilionário Arkady Rotenberg, amigo de infância de Putin, afirmou ser o dono da luxuosa mansão, avaliada em US$ 1,3 bilhão (R$ 6,8 bilhões)

Em um vídeo, Rotenberg afirmou ter adquirido o local “há vários anos”, mas não forneceu evidências sobre a posse do imóvel. O oligarca, que figura entre os mais ricos da Rússia, disse ainda que pretendia usar o palácio como hotel.

“Há um grande número de quartos”, justificou Rotenberg. “Entendo que é uma construção um tanto quanto escandalosa, mas guardem a minha palavra: vai demorar um ano ou dois e eu vou convidá-los para o meu hotel”, disse, ao acusar a imprensa de ilação.

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