Em Caxemira, único Estado de maioria muçulmana da Índia, parte da comunidade sikh protesta contra mulheres que disseram o “sim” a homens muçulmanos. É o que mostra reportagem da Al Jazeera.
O argumento é que os matrimônios configuram uma “conversão forçada”. A polícia e familiares dos noivos negam a acusação, justificando se tratarem de casamentos inter-religiosos.
Em um dos casos, para escapar de conflitos religiosos, Manmeet Kaur, uma mulher sikh de 19 anos, e seu parceiro Shahid Nazir Bhat, 29, fugiram de suas casas em 21 de junho. Eles se casaram em segredo em uma cerimônia secreta depois que Manmeet se converteu. Bhat acabou acusado pela família da esposa de sequestro.
O casal foi detido e, poucos dias depois, a mulher negou em depoimento a um juiz do tribunal de Srinagar que havia sido sequestrada pelo companheiro. Ao mesmo tempo, dezenas de membros da comunidade sikh, acompanhados dos pais de Manmeet, protestavam do lado de fora para que ela fosse entregue à família.
Manmeet foi entregue a seus pais pela polícia. Bhat permanece sob custódia.
No dia seguinte, 27 de junho, centenas de sikhs se reuniram em Srinagar, alegando que duas mulheres da comunidade haviam sido “convertidas à força” ao Islã. O fato resultou em tensões em uma região onde sikhs e muçulmanos convivem em paz há séculos.
Conversão à força
Dezenas de membros do Shiromani Akali Dal (SAD), um partido político centrado na comunidade sikh, chegaram à região e acusaram os homens muçulmanos caxemirenses de “converterem forçosamente as moças”. Eles reivindicam uma lei que proíba a conversão e as uniões inter-religiosas.
Enquanto isso, feministas e ativistas de toda a Índia criticam o casamento forçado e exigem providências contra quem os arranja. A militância defende que casamentos inter-religiosos são permitidos na constituição do país e as mulheres devem ser livres para escolher o parceiro.
Embora tidos como essenciais e indicadores de harmonia social, a maioria dos indianos é contra casamento misto, apontou pesquisa recente da think tank The Pew Research Center.
Divisão e ódio
Uma lei contra casamentos inter-religiosos já está em vigor no Estado de Uttar Pradesh, norte da Índia, cujo governo linha-dura cabe ao Partido Bharatiya Janata (BJP), do primeiro-ministro Narendra Modi.
Em novembro do ano passado, a região foi pioneira ao aprovar uma lei que proíbe conversões religiosas ilegais por força, meios fraudulentos ou com fins de casamento.
A lei entrou em vigor em meio a acusações de uma “jihad do amor” contra homens muçulmanos, uma teoria conspiratória islamofóbica disseminada por grupos hindus de direita que acusam os muçulmanos de atrair mulheres hindus para casamentos com o objetivo de convertê-las à força.
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