O Irã condenou o Iraque pelos ataques ao consulado iraniano em Karbala após o assassinato do ativista Ehab Wazni, no sábado (8). Em nota desta segunda-feira, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano, Saeed Khatibzadeh, afirmou que o país entregou uma carta de protesto e pediu que as nações vizinhas investiguem o caso.
A mais recente crise entre os dois países começou quando um grupo ateou fogo em trailers no posto diplomático iraniano na cidade, a 85 quilômetros da capital Bagdá. O incêndio seria uma resposta ao assassinato de Wazni – um dos líderes dos protestos antigovernamentais que varreram o Iraque em outubro de 2019. A suspeita é a de que as forças Quds, ligadas à chamada Guarda Revolucionária iraniana, tenham ordenado o assassinato.
O ativista estava em sua casa quando foi baleado por criminosos não identificados. A morte fez com que manifestantes bloqueassem estradas com pneus em chamas em toda a região metropolitana de Karbala, cidade a 85 quilômetros da capital Bagdá.
O comunicado ocorre em meio à confirmação sobre uma recente tentativa de aproximação entre o Irã e a Arábia Saudita, rivais regionais. As negociações estariam sendo sediadas e mediadas pelo Iraque, sinalizou Khatibzadeh à Associated Press.
Segundo o porta-voz, as tratativas se concentram em questões “bilaterais e regionais”. “Sempre recebemos bem essas conversas em qualquer nível e forma”, disse Khatibzadeh, que não entrou em detalhes. “Devemos sempre das as boas vindas ao fim do antagonismo”.
Aproximação
O presidente do Iraque, Barham Salih, confirmou na última quarta (5) que Bagdá sediou “conversas diretas” entre os rivais Arábia Saudita e Irã em, segundo ele, “mais de uma ocasião”. A primeira rodada teria ocorrido em abril. “São discussões contínuas, importantes e significativas”, classificou em entrevista ao think tank Instituto de Beirute.
Rivais em essência, o Irã xiita e a Arábia Saudita sunita estão em lados opostos no conflito do Iêmen e outras disputas no Oriente Médio. As relações se deterioraram de forma mais aguda em 2016, quando Riad retirou seus diplomatas do país após ataques à sua embaixada em Teerã e ao consulado em Mashhad, próximo à fronteira iraniana com o Afeganistão e o Turcomenistão.
As ofensivas teriam como objetivo retaliar o reino pela execução do clérigo xiita Nimr al-Nimr. Já Irã e Iraque mantêm laços estreitos desde a queda de Saddam Hussein, em 2006, reparando as relações bilaterais mesmo após a guerra de oito anos contra Teerã entre 1980 e 1988.
Especialistas apontam que a resistência do presidente norte-americano Joe Biden, no poder desde janeiro, em assegurar o apoio incondicional aos seus parceiros do Oriente Médio pode ter forçado a aproximação. Além de Riad, Teerã já buscaria aproximação com Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Egito.
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