A forma com que o Exército de Moçambique encontrou a cidade de Palma, na província de Cabo Delgado, ao norte do país, já é comparada a uma “cena de terror”. Jornalistas da emissora lusófona SIC acompanharam a entrada dos militares na cidade depois do ataque que matou dezenas no último dia 24.
Em um vídeo, os militares cobrem os diversos corpos deixados nas ruas com sinais de facas e tiros após a onda de violência dos insurgentes do Estado Islâmico. Estruturas de casas e prédios estatais aparecem ou destruídos ou incendiados. A população que restava na cidade fugiu do local.
Os civis que ficaram presos na cidade encontraram formas de chamar a atenção das equipes de resgate. Imagens divulgadas pela Sky News nesta segunda (5) mostram incêndios estratégicos e as palavras “Help” e “SOS” desenhadas com lençóis para serem vistos pelos primeiros helicópteros que chegavam à região.
Nesta segunda-feira (5), Exército de Moçambique entrou na cidade pela primeira vez após o ataque. Os militares garantiram ter controlado Palma totalmente e matado um número “significativo” de terroristas, noticiou a BBC.
Nas ruas restaram carros incendiados ou capotados – suspeita-se que foram alvo de emboscadas enquanto seus ocupantes tentavam deixar a cidade. Muitos civis permaneceram escondidos na região e retornaram depois que o Exército se instalou em Palma.
“As pessoas voltavam lentamente e iam direto para as casas e lojas vandalizadas. Lá pegavam água, comida e o que mais pudessem”, relatou um jornalista da Sky News. Fontes militares relataram que os insurgentes podem ter se infiltrado na cidade antes do ataque.
O EI assumiu a responsabilidade pela invasão que matou mais de 55 pessoas, incluindo soldados e estrangeiros, em Palma. A cidade de 70 mil habitantes sedia o projeto multimilionário de extração de gás natural da Total na região. A companhia interrompeu a obra multibilionária após ameaças em janeiro deste ano.
Avanço jihadista
Os militantes do EI já controlam o estratégico porto de Mocímboa da Praia desde agosto de 2020, quando impulsionaram sua campanha de violência sobre Cabo Delgado. Com poucos recursos, o Exército moçambicano foi facilmente derrotado pelos insurgentes.
Agora Maputo sofre pressão para aceitar ajuda militar do exterior para impedir que a insurgência se espalhe a outras províncias do país. Portugal e Washington já prometeram auxiliar Moçambique no combate ao EI.
Washington incluiu os extremistas à lista de terroristas internacionais no dia 11. Por conta dos ataques, mais de 700 mil dependem de ajuda urgente para sobreviver em meio aos ataques, estima a ONU (Organização das Nações Unidas).
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