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quarta-feira, 7 de abril de 2021

ONU: Uma em cada três pessoas sofre de insegurança alimentar na RD Congo

Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONU News, da Organização das Nações Unidas

Cerca de 27,3 milhões, ou uma em cada três pessoas, sofre de insegurança alimentar aguda elevada na República Democrática do Congo. Desse total, quase 7 milhões estão em um nível de emergência de fome aguda.  

O alerta é da FAO (Organização para Alimentação e Agricultura) e do Programa Mundial de Alimentos. O país é agora a nação com maior número de pessoas com necessidade urgente de assistência alimentar em todo o mundo. 

Em comunicado, o representante do PMA no país, Peter Musoko, disse que a agência conseguiu analisar, pela primeira vez, a grande maioria da população e por isso teve uma melhor ideia da escala da insegurança alimentar.

ONU: Uma em cada três pessoas sofre de insegurança alimentar na RD Congo
Avó e neto aguardam por atendimento por desnutrição em centro de saúde de Kananga, na República Democrática do Congo, em outubro de 2018 (Foto: Unicef/Vincent Tremeau)

“Este país deveria ser capaz de alimentar sua população e ainda exportar um excedente”, disse Musoko. Segundo ele, não se pode “ter crianças indo dormir com fome e famílias não fazendo todas as refeições do dia.” 

O conflito continua sendo uma das principais causas, afetando grandes áreas das províncias orientais como Ituri, Kivu do Norte e do Sul, Tanganica e Kasais. Fatores como a queda na economia e o impacto socioeconômico da Covid-19 estão agravando a crise.  

Para o representante da FAO, Aristide Ongone Obame, os conflitos permanecem uma grande preocupação. Ele disse que “a estabilidade social e política é essencial para fortalecer a segurança alimentar e aumentar a resiliência das populações vulneráveis.” 

Obame afirma ainda que é preciso foco no cultivo de alimentos onde são mais necessários e cuidados com o gado. Segundo o representante, “a principal temporada agrícola está chegando e não há tempo a perder.” 

Vítimas 

As agências destacam histórias de pais que ficaram sem acesso a suas terras, que foram forçados a fugir para salvar suas vidas ou viram seus filhos adoecer por falta de comida e insegurança alimentar na RD Congo.

Os funcionários das agências encontraram famílias que voltaram para suas aldeias e encontraram suas casas totalmente queimadas e suas colheitas saqueadas. Alguns sobrevivem comendo apenas taro, uma raiz selvagem, ou folhas de mandioca fervidas em água. 

Os mais afetados são eslocados, refugiados, repatriados, famílias de acolhimento, pessoas atingidas por desastres naturais e famílias chefiadas por mulheres. Populações mais pobres em áreas urbanas ou áreas sem litoral e baixo poder de compra também estão entre as maiores vítimas. 

Ajuda 

A FAO e o PMA estão apelando a uma intervenção urgente para aumentar o apoio. A FAO se concentra em aumentar o acesso a ferramentas de cultivo e sementes, proteção do gado de qualidade, apoio no processamento e armazenamento de alimentos e combate às doenças de animais e plantas. 

Este ano, a agência pretende dar assistência a cerca de 1,1 milhão de pessoas. Já o PMA, distribui ajuda alimentar para 8,7 milhões de pessoas e atua na prevenção e tratamento da desnutrição, que afeta 3,3 milhões de crianças.  

Nesta fase, a insegurança e desnutrição da RD Congo impacta as crianças para o resto de suas vidas, prejudicando a capacidade de atingirem seu potencial e contribuir com suas comunidades. 

As duas agências também coopera m soluções de longo prazo, investindo em projetos de construção de resiliência que apoiam a agricultura comunitária para aumentar a produtividade, reduzir as perdas e estimular o acesso aos mercados.  

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