A polícia de Roma prendeu um capitão da Marinha da Itália e um diplomata russo em flagrante por espionagem na terça (30). Os dois estavam em um “encontro clandestino” onde trocavam documentos confidenciais da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte), segundo apurou o jornal italiano “La Reppublica”.
O capitão da Marinha trabalhava no gabinete do ministro de Defesa da Itália e tinha acesso a documentos do governo e das atividades da instituição, apontou a agência de notícias Ansa. Ele teria recebido alta quantia de dinheiro em troca das informações.
Ambos foram detidos por crimes graves ligados à espionagem e segurança de Estado, disseram autoridades da Itália à emissora alemã Deutsche Welle. Nesta quarta-feira, a Itália ordenou a expulsão imediata de dois diplomatas russos que teriam conexão com o caso.
A expulsão dos diplomatas é o desfecho de meses de investigação do serviço de inteligência da Itália. Se provado, o caso se torna o mais recente entre diversos incidentes sobre espionagem russa na Europa.
A Bulgária descobriu um grupo de troca de informações sigilosas com diplomatas russos no dia 19, e também expulsou os representantes. Suécia, Alemanha e Áustria também acusaram agentes de Moscou infiltrados para colher dados confidenciais desde o ano passado.
Crise diplomática
A descoberta da Itália, porém, cria um mal estar entre os dois países, mesmo após uma “aproximação” entre Roma e Moscou desde o início da pandemia. Em março de 2020 e no auge da crise sanitária na Lombardia italiana, o Exército russo enviou ajuda médica ao país para combater a Covid-19, apontou o portal especializado Modern Diplomacy.
O gesto, tido como um “ato de boa vontade” do presidente Vladimir Putin, favoreceu acordos de defesa e abriu caminho para a aprovação da vacina Sputnik V na Itália – antes mesmo da aprovação da EMA (Agência de Medicamentos da União Europeia).
Em seu Facebook, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, afirmou que apresentou um protesto formal ao embaixador russo, Sergei Razov. O Kremlin já prometeu uma “resposta recíproca”, disse a agência estatal russa Interfax.
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