Depois de classificar os acordos de paz como uma “farsa”, no dia 12, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, decretou o fim das celebrações ao termo que encerrou a guerra civil do país, em 1992.
O anúncio veio no domingo (17), um dia após a data de comemoração pela assinatura dos acordos mediados pela ONU (Organização das Nações Unidas). “A partir de agora, 16 de janeiro será o Dia das Vítimas do Conflito Armado”, disse Bukele no Twitter.
“Deixaremos de comemorar aqueles que ordenaram suas mortes e começaremos a comemorar aqueles que deveriam ser comemorados”. Para o presidente, a assinatura dos acordos não representou nenhuma melhoria ao país.
“Ao contrário, só representou o início de uma etapa de maior corrupção, exclusão social e enriquecimento fraudulento dos mesmos setores que firmaram [o acordo]”, apontou.
Bukele se referia aos partidários da FMLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional). Formada por ex-combatentes, a sigla de oposição ao governo de Bukele governou o país de 2009 a 2019.
No dia 12, o presidente já havia afirmado que um “grupo de aproveitadores” abandonou o país e lucrou em “um negócio chamado guerra e outro negócio chamado acordo de paz”, registrou o jornal salvadorenho “La Prensa”.
Os acordos de paz em El Salvador
O anúncio vem na esteira da celebração que reuniu mais de três mil veteranos do Exército e ex-guerrilheiros pelos 29 anos do fim dos confrontos. Na comemoração, os veteranos rejeitaram o acordo como “farsa” e manifestaram contrariedade à política de Bukele.
O agravamento das injustiças sociais, o fechamento de espaços políticos e a repressão militar foram o estopim para a guerra civil de El Salvador, em 1980. Até 1992, foram mais de 75 mil mortos e oito mil desaparecidos.
Os acordos de paz permitiram ainda o reajuste do sistema judicial e a criação de novas instituições de direitos humanos. Além disso, a criação da polícia civil substituiu três órgãos de segurança anteriores, considerados ilegais.
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