O consenso sobre o direito de pesca foi a peça-chave para concluir as negociações do Brexit, que sacramentou a saída do Reino Unido da União Europeia. A cúpula fechou o acordo no dia 24, após nove meses de negociações atribuladas.
Funcionários ligados ao processo relataram à Bloomberg a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acabou cedendo às demandas de Londres. Bruxelas exigia que a Grã-Bretanha reduzisse até 25% na pesca em suas águas.
Enquanto isso, o primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, insistia nos direitos de 80% sobre as águas do país – um pedido já negociado de forma minuciosa com seu Parlamento.
Na noite do dia 22, porém, Londres acatou a última proposta da UE: o bloco decidiu abandonar a exigência de impor tarifas ao Reino Unido para restringir o acesso aos peixes no futuro – uma manobra conhecida como “retaliação cruzada”.
Em troca, Johnson aceitou a redução de 25% na pesca durante um período de transição de cinco anos e meio. O acordo define, agora, que o Reino Unido passará a ter total controle de suas águas em junho de 2026 – data do décimo aniversário do referendo da UE.
“É o fim de uma longa viagem”, disse a presidente do Comissão Europeia em coletiva de imprensa na véspera de Natal. “No final dessas viagens, normalmente sinto alegria. Mas hoje o sentimento é de alívio. É hora de deixar o Brexit para trás”.
Reta final vai até 1º de fevereiro
Por depender da aprovação parlamentar das cúpulas, o acordo entrou em vigor de maneira provisória no dia 1º de janeiro. O próximo passo, agora, é o aval do Parlamento Europeu, o que deve ocorrer até 1º de fevereiro.
Sem depender de medidas mais restritivas da OMC (Organização Mundial do Comércio), o acordo final do Brexit possibilita relações comerciais entre o Reino Unido e União Europeia.
Em nove meses, cerca de 200 funcionários se dedicaram às duas mil páginas firmadas sobre o acordo do Brexit. A negociação envolve uma estimativa de 668 bilhões de libras – o equivalente a R$ 4,7 trilhões.
As equipes se debruçaram sobre aspectos de cargas aéreas, dados de impressão digital e pelo menos 100 espécies de peixes até a conclusão do processo. “Foi como puxar cílios, um por um”, relatou um funcionário.
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