Depois de um ano conturbado em meio a uma pandemia, 2021 também promete incerteza na política global. Os pesquisadores do CFR (Council of Foreign Relations) listaram dez eleições que valem a atenção de todo o mundo neste ano.
Etiópia, Equador, Iraque, Hong Kong e Nicarágua são alguns destaques. “Algumas delas serão livres e justas. Outros serão eleições apenas no nome”, dizem os analistas.
Veja também os cinco temas que devem render em 2021.
Eleições parlamentares da Etiópia
A iminente guerra civil que já se espalha por todo o território da Etiópia ainda não gerou a suspensão das eleições parlamentares do país, embora estas não tenham data definida. O pleito, previsto para o ano passado, foi adiado por conta da pandemia.
Neste ano, no entanto, há um acúmulo de tensão desde que o primeiro-ministro Abiy Ahmed fundiu a coalizão governamental do governo em um único partido político, no final de 2019.
A Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), no entanto, recusou-se a entrar – o que culminou nos confrontos armados na região de Tigré, no norte do país, desde novembro.
Eleições gerais do Equador
O pleito, previsto para 7 de fevereiro, servirá para eleger o novo presidente e a nova composição da Assembleia Nacional do país latino-americano. Será a despedida do impopular presidente Lenín Moreno, que optou por não se candidatar à reeleição.
Em um país afetado por severas consequências da pandemia, as pesquisas já sinalizam uma ligeira vantagem ao candidato de centro-direita Guillermo Lasso, do CREO. O candidato, derrotado em 2017, promete liberalização dos mercados no país.
Na oposição figura o economista Andrés Arauz, apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, que vive na Bélgica. Apesar da disputa, uma pesquisa recente apontou que 67% dos equatorianos tem pouco ou nenhum interesse pelas próximas eleições. “Não é um sinal de democracia saudável”, alertou o CFR.
Eleições gerais da Holanda
No dia 17 de março os holandeses deverão escolher os 150 membros do Tewwde Kamer, a Câmara baixa do país – equivalente aos deputados.
A previsão é que os aliados ao primeiro-ministro de centro-direita Mark Rutte, há dez anos no cargo, investam em uma campanha forte para permanecer no poder. A coalizão, no entanto, perdeu maioria das duas casas em 2019.
Do outro lado está o populista de direita Geert Wilders, favorável à saída da União Europeia e fechamento de todas as mesquitas. Se reeleito, Rutte se tornará o líder mais antigo da UE após a saída de Angela Merkel – que em 2021 deixará o comando da Alemanha.
Eleições gerais do Peru
O novo presidente, 130 membros do Congresso e 25 governadores regionais serão conhecidos após 11 de abril, data das eleições gerais do Peru. A expectativa é de estabilidade política após um 2020 difícil, já que o país teve três presidentes em uma semana em novembro.
Com altos índices de mortalidade por Covid-19, a economia do país sofreu duro golpe após uma queda de 14% do PIB (Produto Interno Bruto) de 14% – uma das maiores contrações do mundo.
“O Peru tem um sistema partidário fraco e muitos eleitores não apoiam nenhum dos atuais candidatos. Considere o Peru um exemplo da tendência global mais ampla de decadência democrática“, apontou o levantamento.
Eleições parlamentares do Iraque
Em 6 de junho será a vez dos iraquianos elegerem seu novo Parlamento – formalmente conhecido como COR (Conselho de Representantes). Os eleitos escolherão o próximo presidente e o primeiro-ministro do país.
O pleito é o primeiro desde os protestos contra a corrupção em outubro de 2019, que terminaram cerca de 600 mortos.
Além dos contágios por Covid-19, o Iraque também foi afetado pela queda brusca nos preços do petróleo – que representa 60% de sua economia e 90% das receitas do governo.
“A eleição do Iraque provavelmente não superará as profundas divisões do país, que vão muito além dos xiitas contra sunitas e árabes contra curdos. Se a forma anterior se mantiver, pode levar meses para o COR chegar a um acordo sobre um primeiro-ministro”, apontou o CFR.
Eleição presidencial do Irã
Depois do Iraque, é a vez do Irã escolher seu próximo presidente, em 18 de junho. Hassan Rouhani não poderá concorrer devido aos limites de mandato, o que abre margem para outro líder assumir o cargo.
Apesar de administrar o país sob severas sanções dos EUA, seu desempenho deu munição aos “linhas-duras” do país e minou a expectativa para uma vitória dos moderados.
Analistas apontam que a vitória de um candidato conservador representaria uma recepção ainda menos agradável às possíveis tentativas de negociação do novo presidente dos EUA, Joe Biden, que assume em 20 de janeiro.
Eleições gerais da Zâmbia
O primeiro país africano a declarar default na dívida externa durante a pandemia deve ir às urnas em 12 de agosto. Na disputa estão Edgar Lungu, em busca da terceira reeleição, e Hakainde Hichilema, que lança sua sexta candidatura à presidência.
Lungu e Hichilema se enfrentam pela segunda vez. Em 2016, quando Lungu venceu com pouco mais de 50% dos votos, o adversário contestou a contagem e acusou irregularidade no pleito.
O movimento gerou protestos e Hichilema foi preso por traição por quatro meses. “Sua prisão, bem como a prisão de vários de seus companheiros de partido, sugeriu que o país pode estar caminhando para um regime autoritário”, apontam os analistas.
Eleições para o Conselho Legislativo de Hong Kong
Em 5 de setembro está prevista a escolha do novo Conselho Legislativo de Hong Kong – apesar das poucas opções que restaram no território semi-autônomo da China.
Com a lei de segurança nacional, instituída em julho de 2020, muitos dos opositores a Beijing foram presos ou estão exilados. Como resultado, já não há mais nenhum parlamentar não alinhado ao governo central em Hong Kong.
O pleito foi adiado para este ano por conta da pandemia.
Eleição federal da Alemanha
O governo de 16 anos de Angela Merkel deve chegar ao fim em 26 de setembro, quando os alemães vão às urnas para decidir qual será o seu sucessor. Merkel anunciou sua aposentadoria em junho passado.
Na disputa estão Armin Laschet, o primeiro-ministro da Renânia do Norte-Vestfália, o estado mais populoso da Alemanha; Norbert Roettgen, presidente do comitê de relações exteriores do Bundestag, o Parlamento do país; e Friedrich Merz, advogado corporativo.
O candidato da chanceler é o seu atual ministro de Finanças, Olaf Scholz. “Quem for eleito no lugar de Merkel terá um grande cargo a preencher, não apenas na Alemanha, mas também na Europa”, disseram analistas à CFR.
Eleições gerais da Nicarágua
A última eleição para ficar de olho em 2021 está prevista para 7 de novembro, na Nicarágua. O atual presidente, Daniel Ortega, busca seu quarto mandato consecutivo.
Até lá, é possível que a comunidade internacional acompanhe repressão mais intensa à dissidência e esforços mais empenhados para limitar a liberdade de expressão.
No final de dezembro, a Assembleia Nacional aprovou uma lei que autoriza Ortega a proibir candidaturas ou qualquer candidato da oposição.
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