“As autoridades iranianas reprimiram impiedosamente os protestos generalizados contra o governo com força excessiva e letal em todo o Irã“. A alegação é da ONG Human Rights Watch (HRW), que na quarta-feira (5) publicou um relatório sobre os recentes episódios no país, no qual classificou o regime como “corrupto e autocrático”.
Os protestos tiveram início após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava Teerã, capital do país, quando foi abordada pela “polícia da moralidade” por não “estar usando corretamente o hijab”, o véu obrigatório para as mulheres. Sob custódia, ela desmaiou, entrou em coma e morreu três dias depois. As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de dezenas de mortes.
“A resposta brutal das autoridades iranianas aos protestos em muitas cidades indica uma ação conjunta do governo para esmagar a dissidência com cruel desrespeito à vida”, disse Tara Sepehri Far, pesquisadora sênior do Irã na HRW. “O tiroteio generalizado de manifestantes pelas forças de segurança só serve para alimentar a raiva contra um governo corrupto e autocrático.”
De acordo com a ONG, em ao menos 13 cidades do Irã foram registrados casos de uso de força excessiva ou letal pelo governo. O relatório cita vídeos divulgados na internet que registram agentes estatais usando rifles, espingardas e revólveres indiscriminadamente contra a multidão, “matando e ferindo centenas”.
Foram identificadas 47 pessoas que grupos de direitos humanos ou veículos de comunicação informaram ter morrido nos protestos. Entre elas, ao menos nove crianças e seis mulheres, sendo a maioria vítima de disparos de armas de fogo. Entretanto, a própria ONG admite que o número de mortos é provavelmente maior devido à subnotificação.
Bom base da análise de imagens de vídeo e fotos, a HRW alega que a maioria dos manifestantes agia de forma pacífica. Mas, em determinados casos, alguns deles atiraram pedras e outros objetos e agrediram os agentes estatais. Ainda assim, afirma que “o uso da violência pelos manifestantes não justifica o uso excessivo da força pelas forças de segurança”.
Além dos mortos e feridos, a ONG destaca os casos de “centenas de ativistas, jornalistas e defensores de direitos humanos” que, mesmo de fora dos protestos, acabaram presos pelas autoridades. E cita também o corte dos serviços de internet, com plataformas de mídia social bloqueadas em todo o país desde o dia 21 de setembro, por ordem do Conselho de Segurança Nacional do Irã.
“As paralisações da Internet violam vários direitos, incluindo os direitos à liberdade de expressão e acesso à informação, e os direitos de reunião e associação pacíficas”, diz a HRW.
De acordo com Sepehri Far, a manifestação atual está inserida em um cenário mais amplo que o da morte da jovem. “As pessoas no Irã estão protestando porque não veem a morte de Mahsa (Jina) Amini e a repressão das autoridades como um evento isolado, mas sim o mais recente exemplo da repressão sistemática do governo contra seu próprio povo”, afirmou.
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