O Taleban capturou a barragem de Dahla – a segunda maior do país – e duas bases militares do Afeganistão em meio a uma escalada de violência e a saída das tropas norte-americanas do país, confirmou a RFE (Radio Free Europe).
Dahla, também conhecida como barragem de Arghandab, fica no distrito de Shah Wali Kot, na província de Kandahar, antigo reduto do grupo fundamentalista islâmico e uma das mais afetadas pela violência no Afeganistão.
Na quarta-feira (5) militantes lançaram ataques às bases do Exército afegão em Baghlan-e-Markzai e Nahrin. De acordo com a emissora afegã ToloNews, quatro talibãs foram mortos e outros seis ficaram feridos na ofensiva, mas os militantes tomaram o controle das áreas.
A barragem fornece irrigação aos agricultores da região e água potável à cidade de Kandahar, capital da província. Com a captura, o Taleban retoma o controle da cidade após meses de confrontos armados.
Tanto o Taleban quanto o governador do distrito, Haji Gulbuddin, confirmaram a captura da área. “Nossas forças de segurança pediram reforços, mas não conseguiram impedir”, disse ele.
A barragem foi construída em 1951 para abastecer a sete distritos da província. Parte das localidades não recebe água desde abril, quando militantes explodiram uma ponte que ligava a represa aos distritos.
A captura vem na esteira da intensificação da violência na província vizinha de Helmand. Milhares de civis já deixaram as duas casas em meio a confrontos diretos entre o Taleban e o Exército afegão.
O impasse nas negociações pela paz no Afeganistão fez com que os EUA decidissem por prorrogar a presença militar no país até 11 de setembro. Ainda restam 3,5 mil soldados norte-americanos e sete mil soldados da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) na nação, imersa em guerra há mais de duas décadas.
Avanços na política
Além de gerar violência nas na região mais conflagrada do Afeganistão, o Taleban também tenta minar o apoio do frágil governo em Cabul. O grupo já iniciou uma campanha para angariar o apoio de membros descontentes da elite política do país, apontou a RFE.
Para o Taleban, o governo de Ashraf Ghani, no poder desde 2014, é um mero “fantoche” ocidental. Os líderes fundamentalistas se negam a negociar com o presidente e descartam entrar no sistema político atual em qualquer tentativa de paz.
A estratégia de desgastar o governo aumenta as chances de golpe militar ou um acordo político em termos “palatáveis” – como a implantação da lei religiosa da sharia, defendida pelo Taleban.
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