Para a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, as diferenças entre o país e a China, seu principal parceiro comercial, estão cada vez “mais difíceis de reconciliar”. A afirmação foi dada em um discurso em Auckland, reportou o diário japonês “Nikkei Asia”.
O distanciamento entre os países estaria relacionado com a mudança e expansão do papel da China no mundo, disse Ardern. Segundo ela, há assuntos sobre os quais as duas nações “não concordam e não concordarão”. Essas diferenças, porém, não precisam definir a relação, afirmou.
Os comentários vêm na esteira da pressão dos aliados ocidentais sobre a Nova Zelândia por sua relutância em usar a aliança de inteligência “Cinco Olhos” para criticar Beijing. O bloco também inclui EUA, Austrália, Reino Unido e Canadá – todos envolvidos disputas com a China.
“Não é novidade que, conforme o papel da China no mundo cresce e muda, as diferenças entre nossos sistemas, assim como os interesses e valores, se tornam cada vez mais difíceis de reconciliar”, afirmou a primeira-ministra. A China recebe quase um terço das exportações da Nova Zelândia.
Beijing já acusou a iniciativa Five Eyes de perseguição depois que o grupo passou a emitir declarações sobre Hong Kong e questionar o tratamento dado à minoria muçulmana uigur na província de Xinjiang. No encontro de Auckland, o embaixador chinês na Nova Zelândia, Wu Xi, reafirmou que as questões são “assuntos internos”.
“Esperamos que Wellington possa ter uma posição justa, cumprir a lei internacional e não interferir nos assuntos da China para manter o desenvolvimento sólido de nossas relações bilaterais”, pontuou.
O que há por trás
Em março, a ministra das Relações Exteriores neozelandesa, Nanaia Mahuta, disse que “não se sentia à vontade” em expandir o papel do “Cinco Olhos”. Analistas apontam que o discurso de Ardern visou desviar das críticas sobre o posicionamento da chanceler.
Ardern afirmou que o país da Oceania continuará a falar sobre essas questões individualmente. “Gerenciar o relacionamento com a China nem sempre será fácil”. A primeira-ministra classificou o risco de punição comercial da China – como fez com a Austrália – como uma “preocupação para todos”.
Os comentários, porém, não elevam a Nova Zelândia para uma posição mais favorável à China. “Só demonstra que o país avança em uma política externa independente e sem lealdade a nenhum bloco importante”, apontou Geoffrey Miller, analista internacional do site Democracy Project, à Reuters.
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