Este conteúdo foi publicado originalmente no portal ONUNews, da Organização das Nações Unidas
Mais de 44 mil pessoas deslocadas pela recente violência no norte de Moçambique enfrentam dificuldades à medida que a situação humanitária se intensifica em toda a província de Cabo Delgado, no norte do país. A região enfrenta um conflito entre tropas do governo e grupos extremistas islâmicos desde 2017.
Em nota, a OIM (Organização Internacional para Migrações) cita que são necessários, com urgência, fundos para responder a situação humanitária, que deslocou quase 700 mil pessoas desde o início da violência em outubro de 2017.
Recentemente, o diretor de operações e Emergências da OIM, Jeff Labovitz, visitou Moçambique. O representante expressou condolências e solidariedade às famílias que perderam entes queridos nos recentes ataques em Palma, a cidade ao norte da capital de Cabo Delgado, Pemba, que foi alvo de um ataque dos extremistas em 24 de março.
Centenas de milhares de pessoas tiveram que fugir para salvar suas vidas apenas com a roupa do corpo. Uma delas é Rabia Hilário Cabral. Ela contou a Jeff Labovitz, o que teve que passar para fugir dos homens armados. “Eu deixei minha casa para fugir da guerra”, relatou.
Rota de deslocamento
“Primeiro fui a Kiwiya, onde fiquei por três dias com as crianças. Saí de Kiwiya para Kiyonga, de Kiyonga fui a Bundanhari, fiquei lá cinco dias. De lá fui para Afugi, onde fiquei por quatro dias com crianças. Já passávamos fome quando mandaram escolher 50 mulheres com crianças para o alojamento de refugiados”, relatou Cabral.
Durante a visita, Labovitz reuniu-se com parceiros humanitários e representantes do Governo de Moçambique e visitou locais de reassentamento no distrito de Metuge e o local de trânsito em Pemba. Rabia Hilário Cabral falou sobre o assassinato brutal do marido.
“Meu marido já morreu. E mandei alguém para ir a minha casa e saber a situação dele, quando chegaram à casa, arrombaram a porta, entraram e viram que ele estava morto, foi degolado pelos malfeitores. Eles informaram-me que já realizaram o funeral do meu marido.”
Volta à escola
No meio do sofrimento, ela tem um sonho: que as crianças possam voltar à escola. “Nós todos que estamos aqui achamos que ninguém tem nada. Gostaríamos de procurar um sítio e ter um espaço para cada um recomeçar a sua vida. Queiramos pelo menos um fundo para aquisição e material escolar para crianças frequentar a escola.”
A Matriz de Monitoria de Deslocamentos da OIM continua a registar, diariamente, um aumento do número de pessoas deslocadas de Palma chegando a áreas mais seguras. Em vários dias no último mês registou-se mais de mil chegadas por dia.
Dos deslocados, 75% são mulheres e crianças – incluindo grávidas e crianças desacompanhadas. Mais de mil do total têm sido idosos. Em 2021, a OIM requer US$ 58 milhões para apoiar os esforços de emergência e pós crise em Moçambique ao abrigo do Plano de Resposta à Crise da OIM Moçambique.
O apoio inclui US$ 21,7 milhões para responder às necessidades humanitárias imediatas e de salvamento no norte de Moçambique através do Plano de Resposta Humanitária deste ano.
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