A Hungria deve se tornar o primeiro país europeu a sediar uma universidade da China até 2024, sinalizou a RFE (Radio Free Europe). A assinatura do contrato ocorreu no mesmo dia que o primeiro-ministro Viktor Orbán aprovou lei para supervisionar instituições de ensino, em 27 de abril.
As autoridades húngaras assinaram o contrato com a Universidade Fudan, de Xangai. A instituição, que está entre as 100 melhores do mundo, deve elevar o padrão do ensino superior da Hungria, defendeu o governo de Orbán.
Fudan deve oferecer cursos para seis mil húngaros e levar investimentos e pesquisas com ferramentas chinesas para Budapeste, anunciaram autoridades. Alguns críticos do governo, porém, já questionam a medida e indicam aproximação de Orbán com autocracias.
“Eles querem trazer uma universidade a nível internacional, mas que tem seu estatuto vinculado ao Partido Comunista Chinês”, disse o prefeito de Budapeste Gergely Karacsony, que alerta para “riscos de segurança nacional” na Hungria.
A recusa de Orbán em acatar o dispositivo da UE (União Europeia) sobre a dependência do orçamento à verificação do Estado de direito de seus membros já implantou um severo recuo democrático na Hungria. Em outubro, o bloco revogou a lei que tentava fechar universidades estrangeiras no país.
A disposição era um ataque direto à CEU (Central European University), fundação do bilionário de origem húngara George Soros, um dos principais críticos ao governo do primeiro-ministro. Em 2018, a instituição, que agora tem sua sede em Viena, foi forçada a deixar o país.
Orbán prometeu expandir as relações com a China e Rússia desde que voltou ao poder, em 2010. O objetivo, segundo ele, é atrair investimentos para a Hungria e minar a dependência da UE após a crise de 2008.
Investimentos de US$ 1,8 bilhão
Documentos obtidos pelo grupo de jornalismo investigativo húngaro Direkt36 apontam que o campus da Universidade Fundan em Budapeste deve custar US$ 1,8 bilhão. O valor é superior ao que a Hungria investiu em todo o seu sistema de ensino superior em 2019.
Do total, porém, apenas US$ 300 milhões sairão direto dos cofres húngaros: Budapeste financiará US$ 1,5 bilhão de um banco chinês. Além disso, boa parte da construção – incluindo material e mão de obra – será chinesa.
De acordo com o portal Euronews, a Hungria já havia concordado em tomar um empréstimo de US$ 2 bilhões do banco chinês Exim em 2020, para construir uma ferrovia entre Budapeste e a capital da Sérvia, Belgrado, como parte da iniciativa Cinturão da Rota da Seda.
Além disso, a Hungria ainda hospeda o maior centro de abastecimento da big tech Huawei fora da China. O país é o único da UE que já aprovou a vacina chinesa à Covid-19.
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