O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, ordenou um cessar-fogo de três dias em todo o país, reportou nesta segunda (10) a emissora afegã ToloNews. A medida ocorre após o ataque que matou 68 crianças e deixou mais de 160 feridos em uma escola na capital do país, Cabul, no sábado.
Pouco antes, o Taleban também anunciou um cessar-fogo. Em comunicado, o grupo afirmou que os combatentes receberam instruções para interromper “todos os tipos de operações ofensivas” do primeiro ao terceiro dia de Eid-ul-Fitr. A celebração marca o fim do jejum do Ramadã.
O cessar-fogo mútuo é o terceiro no país desde 2018 e acompanha o ápice da violência entre o Exército afegão e o Taleban desde o final de 2020. No sábado, um carro-bomba explodiu em frente à escola para meninas Sayed ul Shuhada, no momento que as crianças deixavam o local. Outras duas bombas explodiram em seguida.
Testemunhas relataram ao “The New York Times” que a explosão foi tão forte que quebrou todas as vitrines das lojas nos arredores da escola. “É assustador”, relatou uma mãe que procurava sua filha de 11 anos nos escombros.
O educandário fica na região Dasht-e-Barchi, da minoria étnica xiita Hazara – um alvo frequente de ataques do Estado Islâmico. Ghani creditou o ataque ao Taleban, que negou qualquer relação e negou o incidente, registrou a Reuters. Familiares ainda procuram por crianças desaparecidas.
“Violência do Taleban não é legítima”, diz Ghani
O presidente afegão disse ainda que não há legitimidade na violência do grupo uma vez que as tropas estrangeiras estão deixando o Afeganistão. A organização está por trás da onda mortal que escala no país desde o final de 2020, quando havia previsão de que as forças dos EUA e aliados deixariam o país em 1º de maio.
O prazo, acertado em um acordo entre o Taleban e Washington em fevereiro de 2020, foi estendido por Joe Biden até 11 de setembro após tentativas frustradas para um acordo de paz permanente.
Em seu comunicado, Ghani não fez menção ao cessar-fogo talibã e pediu pela paz permanente. Para Cabul, o Taleban busca gerar insegurança no país e, assim, pleitear vantagens nas negociações do acordo de paz. As tratativas estão atrasadas há meses em meio a profundas divergências.
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