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sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Madagascar, na costa da África, vive fome endêmica após anos de seca

A seca que já se prolonga há cinco anos no sul de Madagascar forçou o governo da ilha a pedir a ajuda de organizações humanitárias. De acordo com a emissora VOA (Voice of America) Africa, o país recorreu a entidades como o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas.

O órgão internacional deve ajudar a fornecer refeições aos mais de 1,3 milhão de pessoas que passam fome e já beiram a desnutrição grave. Com a pandemia e a redução de recursos para ajuda humanitária em todo o mundo, o número de famintos dobrou em relação a 2019.

De acordo com a diretora regional do órgão, Lola Castro, a Covid-19 e a seca fizeram desaparecer até mesmo vagas sazonais de emprego. Na região, no sul malgaxe, é comum que a população busque trabalho nos campos entre abril e novembro.

Com fome endêmica após cinco anos de seca, Madagascar pede ajuda urgente
Menino segura prato vazio em comunidade ao sul de Madagascar (Foto: WFP/Tsiory Andriantsoarana)

O pouco dinheiro que chega deve sustentar as famílias pelo ano inteiro. Mas, com a seca e a pandemia, as vagas sumiram e, com elas, odinheiro para comprar comida, relata Castro.

“Das chuvas de novembro e dezembro, tivemos apenas uma em toda a região”, disse. “Em outras regiões, tempestades assolam cidades inteiras. Entre esses dois extremos, resta a fome”.

Desnutrição grave

Estima-se que 135 mil crianças menores de cinco anos já sofrem de desnutrição grave ou aguda. Sem comida, o comportamento das crianças também muda. Grande parte já abandonou a escola e 75% andam às ruas mendigando alimento.

“As pessoas estão comendo tudo o que conseguem encontrar. Elas se alimentam com cactos misturados com lama, frutas, o que quer que encontrem. Folhas, sementes, tudo o que estiver disponível”, relatou Castro.

O Programa Mundial de Alimentos já fornece ajuda alimentar a cerca de 500 mil pessoas em nove distritos de Madagascar. O objetivo, porém, é aumentar o programa para até 900 mil pessoas vulneráveis até junho.

A agência, que foi reconhecida com o Nobel da Paz em 2020, tenta arrecadar com urgência US$ 35 milhões para a operação.

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