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quinta-feira, 8 de abril de 2021

Boris Johnson pede calma em onda de protestos na Irlanda do Norte

A agitação em Belfast, na Irlanda do Norte, nesta quarta (7), terminou com ônibus incendiados e ataques à polícia. Em resposta via Twitter, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu “calma” e sinalizou “profunda preocupação” com os protestos.

As manifestações ganharam força na semana passada, quando sindicalistas discordaram da decisão da polícia de não processar líderes do partido nacionalista Sinn Fein. Os polítivos participaram de um funeral no ano passado, desrespeitando o lockdown imposto para diminuir o contágio pelo novo coronavírus, o que gerou indignação.

A quebra das restrições para a contenção da Covid-19, somada ao descontentamento com as novas barreiras comerciais entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido após a saída definitiva da UE (União Europeia), em janeiro, impulsionaram a violência nas ruas.

Boris Johnson pede calma a manifestantes em onda de protestos na Irlanda do Norte
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, em pronunciamento na Chatham House, dezembro de 2016 (Foto: Divulgação/Chatham House)

Os protestos violentos desta quarta-feira ocorreram na área de Shankill Road, uma das principais rodovias a oeste de Belfast. O local fica próximo ao “muro da paz”, que separa a comunidade do reduto nacionalista irlandês de Falls Road, onde também há manifestantes.

A divisão foi construída para evitar confrontos após 30 anos de violência sectária na Irlanda do Norte. A disputa envolveu sindicalistas favoráveis à permanência da província no Reino Unido contra nacionalistas católicos que defendiam a inclusão do território à República da Irlanda.

Fotos e vídeos divulgados pela CNN mostram jovens atirando projéteis e bombas de gasolina nos dois lados do muro. O parlamentar do DUP (Partido Democrático Unionista), Sammy Wilson, pediu que Johnson “rasgasse o acordo que quebrou o Reino Unido e todas as promessas feitas à Irlanda do Norte”.

Brexit impulsionou divisão

Uma das condições do acordo da Sexta Feira Santa é manter a fronteira aberta entre a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, e a República da Irlanda, independente e integrante da UE. O Brexit, porém, exigiu a introdução de controles alfandegários para os portos norte-irlandeses. Sindicalistas acusam Londres de traição.

Em março, a coalizão de sindicalistas LCC (Conselho das Comunidades Legalistas) retirou seu apoio ao Acordo de Belfast, solução pacífica de 1998. “Não voltaremos até que nossos direitos sejam restaurados e o protocolo [do Brexit] garanta acesso irrestrito a bens, serviços e cidadãos em todo o Reino Unido”, diz o documento acessado pela BBC.

O Sinn Fein, por sua vez, culpa o DUP por alimentar as tensões ao se opor aos novos acordos comerciais. O Serviço de Polícia da Irlanda do Norte afirmou que a violência parte de “elementos criminosos” e o chefe de polícia já ameaçou entregar o cargo.

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