Este conteúdo foi publicado originalmente pelo portal ONU News, da Organização das Nações Unidas
A intervenção militar ocorrida em Mianmar no início de fevereiro foi mesmo um golpe de Estado, disse o embaixador birmanês junto à ONU, Kyaw Moe Tun à ONU News, na sexta (26).
Com voz embargada, o embaixador disse que não representava a liderança militar, mas sim a Liga Nacional pela Democracia e os parlamentares democraticamente eleitos do país.
O partido LND (Liga Nacional) é comandado pela vencedora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi. A política foi presa durante o golpe, assim como os líderes da sigla.
O diplomata apelou a todos os membros da ONU a condenar a mudança e tomar “todas as medidas possíveis para acabar com os atos brutais e violentos praticados por forças de segurança contra manifestantes pacíficos”.
Ele pediu ainda que os países possam ajudar a acabar com o golpe militar imediatamente. No final, ele fez um gesto adotado pelos manifestantes em Mianmar desde os incidentes no início deste mês.
Sinal claro
A sessão na Assembleia Geral sobre a crise contou com uma apresentação da enviada especial ao país, Christine Schraner Burgener. Ela pediu aos representantes que enviem um sinal claro à junta militar birmanesa contra a intervenção.
Schraner Buergener contou que o Exército no país asiático é quem detém o poder de fato, e que numa democracia de verdade, são os civis quem controlam os militares. A enviada afirmou que o estado de emergência representa uma violação clara da constituição.
Em novembro, a Liga Nacional pela Democracia venceu as eleições com 82% dos votos. O partido já havia sido eleito em 2015, mas dessa vez, recebeu ainda mais votos.
No passado, a junta militar já havia impedido o NLD de assumir o poder. Por isso, militares detiveram Aung San Suu Kyi de 1989 a 2010, grande parte do período em prisão domiciliar.
Após o golpe, autoridades prenderam centenas de pessoas sem indiciamento ou julgamento prévio. Muitas famílias continuam procurando pelos parentes desaparecidos. Burgener afirmou que militares impulsionam atos deliberados para criar instabilidade e insegurança.
Segundo ela, a libertação de 23 mil prisioneiros associados a assassinatos políticos é uma decisão “lamentável”. Jornalistas e ativistas estão sendo atacados deliberadamente e serviços de internet interrompidos. Muitas testemunhas estão sendo forçadas a depor contra o governo do partido NLD.
Schraner Burgener pediu diálogo e apelou aos Estados-membros da ONU com influência na região que ajudem numa resposta coletiva para evitar uma escalada da brutalidade contra pessoas que somente estão exercendo o direito básico em seu país.
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