A nova onda de terrorismo do Estado Islâmico em Moçambique agora envolve decapitar crianças na região de Cabo Delgado, reportou a organização Save The Children nesta terça (16). A violência no epicentro da insurgência dos radicais, no norte do país africano, se intensificou durante a pandemia.
Conforme a entidade internacional, os militantes perseguem e matam crianças entre 10 e 12 anos das famílias que tentam deixar a província.
“Tentamos fugir, mas eles pegaram meu filho mais velho e o decapitaram”, relatou uma mãe à organização. “Não pudemos fazer nada, ou seríamos mortos”.
A decapitação se tornou marca registrada da violência dos insurgentes. Em novembro, extremistas invadiram uma aldeia e decapitaram 50 pessoas em um campo de futebol.
A imposição do terror força a população a obedecer os militantes, que buscam novos membros e já tomaram importantes cidades de Cabo Delgado, como a portuária Mocímboa da Praia.
Com fome, medo da violência e sem perspectiva de trabalho, muitos jovens acabam no grupo. Os que se recusam são mortos.
Rastros da violência
O monitor de violência Armed Conflict Location aponta que cerca de 2,7 mil pessoas já foram assassinadas desde o ano passado na província moçambicana. O terrorismo já forçou o deslocamento de 670 mil e um milhão de pessoas enfrentam fome severa, disse a Save The Children.
O EI ganhou espaço em Moçambique por meio do grupo islâmico Ahulu Sunnah Wa-Jama, também conhecido como Al-Shabab – sem relação com a agremiação filiada à Al-Qaeda da Somália –, atuante desde 2017.
Na última quinta (11), Washington incluiu o grupo na lista de organizações terroristas estrangeiras. A embaixada dos EUA em Moçambique anunciou, na segunda (15), que forças especiais norte-americanas treinarão fuzileiros navais moçambicanos nos próximos dois meses. O objetivo é fortalecer o Exército no combate aos extremistas.
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