A Indonésia é o primeiro país a autorizar o uso emergencial das vacinas desenvolvida pela Sinovac, da China, em seu território, confirmou a Reuters nesta segunda-feira (11). É uma vitória estratégica para a China, que prevê a envios a países do Sudeste Asiático, África e América Latina.
Na Indonésia, a vacina demonstrou uma taxa de proteção de 65,3% – abaixo dos dados registrados no Brasil, de 78%, a partir da parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. País de maioria muçulmana, o arquipélago declarou a vacina da Sinovac halal – ou seja, permitida pelo Islã.
Antes, o país questionou a existência de derivados suínos na composição, o que gerou oposição de parte dos indonésios às doses. A vacinação deve começar nesta quarta-feira (13), disse o ministro Budi Gunadi Sadikin.
Mas o recente aumento de contágios por Covid-19 na China já acendem o alerta para a disponibilidade, ou não, das doses aos países mais pobres.
Nesta segunda-feira, autoridades chinesas registraram 103 novos casos do vírus na província de Hebei, próxima a Beijing. O governo já decretou lockdown na capital Shijiazhuang e em Xingtai para impedir a propagação do vírus.
Antes da Indonésia, os Emirados Árabes Unidos e Bahrein autorizaram o uso das imunizações da chinesa Sinopharm, em dezembro. Entre as vantagens, Abu Dhabi listou a eficácia de 86% de proteção e relativos baixos custos em sua produção.
Diplomacia das vacinas
A fornecimento das doses para países de renda média e baixa é parte de um avanço estratégico do governo chinês. A chamada “diplomacia das vacinas” da China não visa os EUA ou grandes potências ocidentais, mas o Sul Global. “É a chance de Beijing exercer seu poder brando”, aponta uma análise do portal GZero, vinculado à consultoria de risco político Eurasia Group.
A China concederia vacinas aos países que dependem exclusivamente da Covax, mecanismo ligado à OMS (Organização Mundial da Saúde) que tem capacidade de imunizar apenas 20% das populações de cada nação participante até o final de 2021.
Além de reparar a reputação chinesa depois de encobertar os primeiros casos de Covid-19 em Wuhan, em janeiro de 2020, Beijing vê a possibilidade de conceder empréstimos para a compra das doses.
Além da Sinopharm e da Sinovac, a China tem quatro outras vacinas candidatas em testes clínicos de fase III – considerada a última e essencial para a obtenção do registro sanitário para demonstração de eficácia.
Se aprovadas, as candidatas podem aumentar a produção chinesa para mais de 3 bilhões de doses – capazes de imunizar 1,5 bilhão de pessoas em 2022. A produção das vacinas representa uma esperança, mas não o ponto final da pandemia.
“Não vamos voltar ao normal rapidamente”, afirmou o presidente da Rede de Alerta e Resposta a Surtos da OMS, Dale Fisher, na conferência Reuters Next. “Sabemos que precisamos obter imunidade coletiva e precisamos disso na maioria dos países, então não veremos isso em 2021”.
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