O jornalista russo Roman Anin passou por um novo interrogatório nesta segunda (12) após ser detido e ter sua casa saqueada por agentes do FSB (Serviço de Segurança Federal da Rússia) na última sexta-feira. As informações são do portal IStories, onde Anin trabalha como editor-chefe.
Policiais o levaram ao Comitê Investigativo após a reabertura de um inquérito sobre “violação de privacidade” e “abuso das funções profissionais”. As acusações teriam a ver com uma reportagem veiculada ainda em 2016 pelo jornal Novaya Gazeta, proeminente veículo de oposição ao presidente Vladimir Putin.
No artigo, Anin lança evidências sobre esquemas de corrupção de Igor Sechin, ex-vice-primeiro-ministro e atual chefe da empresa estatal de energia Rosnef – um grande aliado de Putin. A esposa do oligarca possuía um iate orçado em US$ 100 milhões.
Sechin rejeitou a reportagem logo após a publicação e um tribunal condenou o jornal como “culpado” por difamação. O assunto ficou inerte até março, quando juristas reabriram o caso após Anin publicar outra reportagem sobre um dos chefes do FSB, Sergei Koroloev. Evidências apontam para o envolvimento do militar em crimes internacionais.
No interrogatório, Anin relata que o investigador insinuou que haverão “novos encontros” daqui para frente. “Ele não disse nada sobre o que fazer a seguir, mas deixou claro que nos encontraremos novamente”, relatou na conta do Telegram do IStories.
“A investigação insiste em dizer que a conta do Instagram de Olga Sechina – a esposa de Sechin – estava bloqueada [para não-seguidores] e, por isso, não houve consentimento para usar suas fotos na reportagem”, disse a advogada de Anin, Anna Stavitskaya.
“Vingança”, dizem jornalistas
O conselho editorial do IStories afirma que a detenção, invasão e interrogatório de Anin não passa de uma “vingança” contra o jornalista. Além dos relatos de corrupção, o portal denunciou o tratamento dado ao político Alexei Navalny, preso desde janeiro.
O opositor ao Kremlin está em greve de fome por não receber medicamentos adequados após sobreviver a uma tentativa de assassinato por envenenamento, em agosto de 2020.
Ao invadir a casa do jornalista, em Moscou, agentes de segurança levaram documentos pessoais e blocos de anotação. Outros equipamentos eletrônicos, como computadores e câmeras fotográficas também sumiram, registrou a Radio Free Europe.
Anin integrou as investigações do Panama Papers, equipe responsável pelas reportagens reconhecidas pelo prêmio Pulitzer, um dos principais do jornalismo, em 2017. A Rússia ocupa o 149º lugar entre 179 países no ranking de liberdade de imprensa da organização Repórteres sem Fronteiras.
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