O novo pacote de sanções emitido nesta quinta (15) por Washington deve inaugurar um novo capítulo nas relações entre EUA e Rússia. As medidas ocorrem dois dias depois de uma conversa por telefone entre Joe Biden e Vladimir Putin, na qual o presidente norte-americano insistiu em “defender os interesses nacionais”.
A ordem executiva confere as primeiras medidas retaliatórias da gestão de Biden contra o Kremlin. Washington atribui a Moscou a autoria do ataque que invadiu contas e roubou informações do Departamento do Tesouro, em dezembro do ano passado.
Agentes infiltrados teriam agido por semanas através do sistema SolarWinds contra nove agências do governo. As sanções também são direcionadas à suposta autorização de Putin às operações de influência para alavancar a campanha eleitoral de Donald Trump nas eleições dos EUA de 2020. Moscou nega as acusações.
A quem as sanções afetam
As sanções anunciadas pelos EUA nesta quinta-feira afetam seis empresas que conferem apoio ao programa cibernético dos Serviços de Inteligência da Rússia. Essas organizações não receberão conhecimento, ferramentas ou infraestrutura dos EUA.
O mesmo ocorre a outros 32 indivíduos e entidades da Rússia. Outros oito indivíduos receberam sanções por ações relacionadas à ocupação e repressão na Crimeia, península da Ucrânia ocupada pelas forças russas desde 2014. O grupo também teria tentado interferir nas eleições de 2020 e espalhar desinformação.
Dez diplomatas e representantes dos serviços de inteligência russa que atuavam nos EUA foram expulsos do país. Nas sanções, Washington atribuiu à SVR (Serviço Russo de Inteligência no Exterior), também conhecido como APT 29 e Cozy Bear, como o autor dos ataques à plataforma SolarWinds.
As agências norte-americanas já disponibilizaram um relatório com alertas de segurança sobre a invasão russa e os cuidados que empresas de software devem tomar para “não serem invadidas pelas agências da Rússia”.
Impactos econômicos
O Tesouro dos EUA ainda proibiu todas as instituições financeiras dos EUA de participar ou emprestar ao mercado primário de títulos denominados de rublos e não-rublos emitidos pelo Banco Central da Rússia após 14 de junho de 2021. A medida atinge o Fundo Nacional e o Ministério das Finanças do país.
A medida deve afetar todos os setores da economia e restringir a capacidade de Moscou de emitir sua dívida soberana. A ação estende o passo dado por Washington em 2019, quando proibiu as instituições financeiras dos EUA de comprar dívida não denominada em rublos diretamente da Rússia em mercado primário.
Funcionários da Casa Branca disseram à Reuters que o mercado de dívida soberana em rublos está avaliado em US$ 185 bilhões. Do total, um quarto vem de investigadores estrangeiros. Metade deste percentual pertence a investidores
norte-americanos.
“Em uma análise histórica, a retirada desses investidores provavelmente causará um efeito inibidor que aumentará o custo dos empréstimos da Rússia“, disse o funcionário. “Isso enfraquecerá a moeda e levará a um crescimento mais lento e inflação mais alta”.
Até o fechamento desta matéria (15/04, 11h), o Kremlin não havia se pronunciado sobre as sanções.
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