Demonstrando aparente desinteresse em retomar o diálogo sobre a desnuclearização, a Coreia do Norte lançou ao mar nesta quarta-feira (5) um míssil balístico. Foi o primeiro teste registrado em dois meses, o que sinaliza que Pyongyang estaria mais focada em ampliar seu poderio beligerante do que em reduzir a fabricação de armamentos nucleares. As informações são da agência Associated Press.
O lançamento, detectado pelo exército dos Estados Unidos, vem logo após o líder norte-coreano Kim Jong-un ter prometido reforçar sua capacidade bélica durante uma reunião plenária do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, realizada na semana passada.
Segundo comunicado emitido pelo Comando Indo-Pacífico dos EUA, o lançamento do míssil balístico “destaca o impacto desestabilizador do programa de armas ilícitas” norte-coreano, porém, não representa uma ameaça imediata ao território dos EUA ou de seus aliados. A nota ainda acrescenta que o compromisso de Washington com a defesa de seus aliados, Coreia do Sul e Japão, permanece “blindado”.
Apesar de os EUA terem relativizado os riscos, membros da equipe presidencial de segurança nacional da Coreia do Sul organizaram uma videoconferência emergencial, onde manifestaram temores com o lançamento e concordaram que sentar à mesa junto dos vizinhos do Norte para negociações é importante para aliviar o momento turbulento.
O lançamento também foi detectado pelo Ministério da Defesa japonês, que classificou o exercício como “lamentável”. “Achamos verdadeiramente lamentável que a Coreia do Norte continue a disparar mísseis desde o ano passado”, declarou à imprensa o premiê Fumio Kishida.
Ao mesmo tempo em que Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas, Kim Jong Un recusa as tentativas de aproximação diplomática de Biden. A justificativa para a rejeição de tais aberturas é a de que a hostilidade de Washington permanece a mesma. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.
A China, principal aliada norte-coreana, manteve uma postura imparcial quanto ao último teste. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, pediu diálogo e observou que “todas as partes envolvidas devem ter em mente o quadro geral e manter cautela com suas palavras e ações”.
Na reunião partidária da semana passada, Kim ordenou a produção de sistemas de armas mais poderosos e sofisticados. A mídia estatal norte-coreana relatou que o país estabeleceu “direções táticas” para as relações externas, inclusive com Seul, mas não deu mais detalhes. Os Estados Unidos não foram mencionados.
Kim completou 10 anos no poder no último dia 17. De 2011 para cá, houve alguns acenos diplomáticos aos EUA e à Coreia do Sul, além de pitadas de flexibilização cultural. Mas a década, a julgar pelas poucas e invariavelmente distorcidas informações que passam pela alfândega, foi marcada por repressão estatal, culto à personalidade do líder e militarismo.
Por que isso importa?
A movimentação militar de Pyongyang aumenta a tensão na região, já que o país tem encarado a Coreia do Sul e as demais nações ocidentais como “inimigas”. O regime comunista afirma que não há “necessidade de se sentar frente a frente com as autoridades sul-coreanas e não há questões a serem discutidas com eles”. Isso inclui a questão nuclear.
Ao lado de EUA e Japão, os sul-coreanos têm pressionado Pyongyang a evitar a proliferação de armas nucleares e cooperar para manter a paz e a estabilidade na península. As negociações pela desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.
A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, o presidente Kim Jong-un recusou as tentativas de aproximação diplomática do líder norte-americano Joe Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.
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