A recuperação do mercado de trabalho continuará lenta e incerta neste ano, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), que divulgou nesta segunda-feira (17) um relatório sobre perspectivas de emprego.
O déficit em horas trabalhadas globalmente em 2022 será equivalente a 52 milhões de postos de trabalho a tempo integral, ficando quase 2% abaixo do número de horas trabalhadas no período pré-pandemia.
“Claramente, essa revisão mais pessimista está relacionada à continuidade da pandemia e, naturalmente, da variante Ômicron. Nós esperamos que essa tendência de restrição vá continuar enquanto a pandemia continuar descontrolada. Essa incerteza, combinada com outros riscos, como, por exemplo, riscos macroeconômicos relacionados à inflação e ao maior endividamento público, condiciona a um panorama cada vez mais frágil”, disse o diretor-regional da OIT para América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro.
Segundo o diretor, a América Latina já vinha tendo uma recuperação pior do que o resto do mundo. A taxa de ocupação na região para 2022 deverá ser 1,5% abaixo do que em 2019, representando um déficit na força de trabalho de 40 milhões de empregos.
A OIT calcula que, em 2022, 207 milhões de pessoas estarão sem trabalho no mundo todo, sendo que, em 2019, antes da Covid-19, este total era de 189 milhões. Pelas previsões da agência, esta tendência de maior desemprego seguirá até 2023.
O relatório ressalta, no entanto, que já estão sendo observados alguns indícios de recuperação na Europa e na América do Norte, enquanto o panorama é mais negativo para o sudeste da Ásia e América Latina e Caribe.
A OIT revela também que o efeito “desproporcional da crise sobre o emprego para as mulheres continuará nos próximos anos”. A longo prazo, o fechamento de instituições de ensino e de formação profissional terá um “efeito dominó” para os jovens, em especial para aqueles que não tem acesso à internet.
O diretor-geral da OIT declarou que “após dois anos de crise, a perspectiva segue sendo frágil e a via de recuperação lenta e incerta”. Guy Ryder afirmou que “os danos no mercado de trabalho serão potencialmente duradouros, juntamente com um preocupante aumento da pobreza e das desigualdades”.
Em muitos casos, os trabalhadores estão se vendo obrigados a mudar para outro tipo de emprego. Algo que se nota claramente, por exemplo, no setor turístico, em virtude da queda prolongada de viagens e do turismo internacional.
A OIT faz algumas recomendações aos países para o período de recuperação, sugerindo políticas macroeconômicas que precisarão fazer mais do que meramente buscar um retorno aos níveis pré-crise. Segundo a agência, as políticas fiscais deverão não apenas proteger os empregos e a renda, mas tratar de desafios estruturais e as causas da falta de trabalho decente pelo mundo.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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