Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site The Hill
Por John Shimkus e Jan Surotchak
A Lituânia está na linha de fogo por enfrentar a República Popular da China (RPC) em questões de princípio. A questão que permanece é se o resto da Europa apoiará seu aliado.
Em novembro, o governo lituano permitiu que a “República da China” abrisse um escritório de representação em Vilnius sob o nome de “Taiwan”, que o Partido Comunista Chinês (PCC) declarou violar diretamente o princípio de “Uma Só China” que impôs ao resto do mundo. Isto não deveria vir como surpresa. Nos últimos 18 meses, a República da Lituânia encarou sem medo a mira chinesa ao deixar a estrutura de investimento 17+1, definindo o tratamento chinês de sua minoria uigur como genocídio e agora reconhecendo o governo de Taiwan.
Em resposta, a RPC cortou relações diplomáticas com a Lituânia, expulsou representantes lituanos de Beijing, chamou permanentemente seus próprios representantes de Vilnius e travou o que pode ser descrito apenas como guerra econômica contra o país báltico de menos de 3 milhões de cidadãos.
A relação comercial da RPC com a Lituânia nunca foi substancial. Apenas cerca de 1% das exportações lituanas segue rumo à China. Se, por uma lado, isso tornou mais fácil para a Lituânia assumir uma posição de princípio em defesa da soberania política de Taiwan, para Beijing, em última análise, significou que simplesmente cortar os laços comerciais não seria uma punição suficiente pela desobediência da Lituânia. A RPC, portanto, também recorreu a seus parceiros de negócios na Europa – a saber, a fabricante alemã de autopeças Continental AG – para pressionar a economia lituana.
A Continental possui várias instalações de produção na Lituânia que produzem peças para exportação, sendo a China um dos maiores importadores de autopeças da Continental. Beijing supostamente exigiu que a Continental, entre outras empresas automotivas e agrícolas, suspendesse o uso de peças fabricadas na Lituânia. Além do impacto que isso terá na economia lituana, também coloca em risco a cadeia de suprimentos global.
Este é apenas um exemplo do que o secretário de Estado Antony Blinken chamou de “chantagem econômica”.
Nos últimos meses, a China interrompeu os trens de carga para a Lituânia, cortou os limites de crédito e até houve relatos de exportadores lituanos incapazes de liberar a alfândega chinesa para seus produtos, citando uma falha que supostamente removeu a Lituânia do registro alfandegário chinês.
Se for verdade que a China está embargando importações e exportações para a Lituânia, isso seria uma violação direta do direito comercial internacional. Além disso, pode-se argumentar que a interferência da China nos negócios de empresas privadas, como a Continental, também é ilegal. A Comissão Europeia discutiu a possibilidade de um processo da Organização Mundial do Comércio (OMC), embora pouco progresso tenha sido feito até agora.
Dizem que o primeiro que atravessa a parede sempre sangra. O problema para a Lituânia é que agora está sozinha do outro lado do muro, com aparentemente pouco ou nenhum reforço a seguir, principalmente na Europa.
A Lituânia tem um histórico de resistência a poderosas forças autoritárias. Desde as “Lutas pela Liberdade” do pós-Primeira Guerra Mundial contra os bolcheviques, até se tornar o primeiro Estado soviético a declarar independência da URSS em 1990, os ideais democráticos e os sonhos de soberania política em casa e no exterior estão profundamente enraizados no DNA democrático da Lituânia.
E, do jeito que está, a Lituânia está provando ser o principal farol do liberalismo democrático na Europa. É o único país europeu que mostrou uma vontade real de se manifestar contra a RPC, seja como aliado do governo de Taiwan ou chamando a atenção para as atrocidades em Xinjiang.
A RPC não escondeu suas intenções. A China quer varrer a Lituânia para “a lata de lixo da história”, conforme veiculado pelo Global Times, o meio de propaganda em inglês do PCC.
O que dirá ao resto do mundo se as nações poderosas da comunidade transatlântica virarem as costas à Lituânia agora? Não é hora de os Estados democráticos da Europa e dos Estados Unidos recuarem diante da coerção econômica da RPC.
O alvo da China não é apenas a Lituânia, mas o mundo. Este é o precedente que a RPC está tentando estabelecer, e é da responsabilidade da parceria transatlântica garantir que este comportamento de coerção econômica e chantagem não prevaleça.
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